Ia caminhando a passos incalculáveis para o almoço e notei que uma jovem escorregou em um caroço de manga, jogado no passeio por algum moleque. Ela murmurou umas palavras que não entendi e prosseguiu em seu percurso. Não pude ver o seu rosto, mas recordo-me bem que trajava roupa azul, tinha os cabelos negros presos à altura da nuca, e usava uma correntinha no pescoço.
Poderia ter sido eu ou qualquer outra pessoa, porém foi aquela moça de azul. Intrigou-me o fato de não saber se era feia ou bonita de rosto, se tinha os olhos grandes e o nariz arrebitado; só sei que andava elegantemente e nunca olhava para trás. Apressei o passo mas não consegui alcançá-la. Ela atravessou a avenida cautelosa e garbosamente, de certo que já esquecida do acontecimento, e talvez preocupada com a hora.
Continuei do lado de cá a observar o seu andar altaneiro, e acabei não vendo o rosto da jovem que escorregara num caroço de manga. Não satisfiz minha curiosidade e fui almoçar chateado.