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Contos-->A FEITICEIRA AMAZÔNICA -- 09/03/2003 - 19:34 (Rosane Volpatto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MATINTAPERERA, A FEITICEIRA AMAZÔNICA

Matintaperera
Chegou na clareira
E logo silvou,
No fundo do quarto,
Manduca Torcato
De medo gelou

Matinta quer fumo
quer fumo migado,
meloso, melado,
que dê muito sumo...
Torcato não pita,
não masca nem cheira.
Matintaperera
vai tê-la bonita...

Matintaperera, detardinha vem buscar
o tabaco que ontem à noite eu prometi,
queira Deus ela não venha me agoniar,
Ah! Matinta, preta velha, mãe-maluca, pé de pato.
queira Deus ela não venha me agoniar......

Matintaperera
chegou na clareira
e logo silvou.

No fundo do quarto
Manduca Torcato
de medo gelou.

Que noite infernal,
soaram gemidos,
resmungos, bulidos,
do gênio do mal....
E, até amanhã,
bem perto da choça
a fúnebre troça
dum vesgo acauã
acauã....
acauã....

Existem pessoas para quem a noite se revela como um cenário de mistérios singulares e ideal para por em prática seus pensamentos. A noite é trocada pelo dia, com todo o fascínio e o terror que pode provocar.
Neste cenário noturno aparece Matintaperera.

Matintaperera é a designação dada a uma pequena coruja, que goza, entre os nativos, da faculdade de transformar-se em gente e pintar o sete, brincando, ralhando, castigando os meninos vadios e mal-criados. Tal como os gnomos e duendes, rouba objetos das casas ou os muda de posição e bate nas crianças.

No interior e até mesmo na capital do Amazonas e Pará, a gurizada acredita que a ave solerte ronda as casas na calada da noite, afim de roubar os meninos travessos ou fazer estripolias. Oferece-se-lhe então, grande quantidade de tabaco, convidando-a a aceitá-lo:
- Matintaperera, podes vir buscar a encomendazinha.
Mau destino está reservado à pessoa que, pela manhã seguinte é a primeira a entrar na casa em que se faz semelhante convite. Fica encaiporada para o resto da vida, é como se virasse Mati. Em toda a Amazônia é tida como encarnação de alma penada ou metamorfose de velha malvada a exigir tabaco para o seu cachimbo.

Existe uma maldição lançada por um pajé da tribo dos Waimiri Atroari. Depois que sua tribo ter sido dizimada pelos brancos, ainda moribundo, o pajé anunciou que todos os que haviam participado do massacre do seu povo, estariam fadados a perambular eternamente pela floresta sob a forma de uma velha ou um pássaro que todas as noites gritava:
Matintaperera, Matintaperera!
Nas noites de sexta-feira é maior o temor que inspira.
Fala-se que a tal criatura chegou a matar vários seres humanos.
Alguns velhos e velhas cablocos ou indígenas já forma acusados de ser o próprio Maitintaperera.

Uma das formas de espantar a entidade é a de tirar o capuz ou barrete encantado do Matintaperera.

Há fórmulas mágicas que permitem "prender" a Matinta Perera. Um deles exige uma tesoura virgem, uma chave e um terço. Cerca de meia noite deve-se abrir a tesoura, enterrar na área, colocar no meio a chave e por cima o terço, após o que rezam-se orações especiais. 
A Matintaperera ficará presa ao local, não conseguindo afastar-se...

Todas estas crendices foram herdadas das superstições indígenas e chegaram até nós pelo veículo dos pajés e curandeiros, interessados em arranjar sempre maior número de motivos para suas artes misteriosas.


Na Grécia antiga, a coruja, ave sagrada de Atena (Minerva), era símbolo de coragem e sabedoria. Era representada também por Ascálafo, filho de Aqueronte e da ninfa da escuridão, aquela que "vê" Perséfone comer uma fruta do Inferno, na ocorrência, um grão de romã e a denuncia, privando-a assim de toda a esperança de subir definitivamente para a luz do dia.

OS PÁSSAROS DA NOITE



No mundo inteiro, os pássaros da noite foram associados à almas penadas e fantasmas que aproveitando-se das sombras noturnas voltam para gemer perto das casas onde moraram.

A coruja, em especial, era considerada um pássaro noturno de mau-agouro e seu repetitivo grito pressagiava morte vindoura na vizinhança. No Altaí, o traje xamã (sempre ornitomorfo) é freqüentemente ornado com penas de grão-duque. Segundo Harva, o conjunto do traje, como era antigamente, devia representar um grão-duque. Esse pássaro noturno, na crença popular do Altaí, afasta os espíritos.
Uno Harva escreve:
"Em muitos lugares, quando as crianças estão doentes, é costume ainda hoje, capturar um grão-duque e dar-lhe comida, pensando-se que esse pássaro afastará os maus espíritos que assediam os berços. Entre os iogulos, nas festas do urso, uma pessoa disfarçada de grão-duque é encarregada de manter a distância a alma do urso morto".

A coruja simboliza a reflexão que domina as trevas, associado à Lua. Ela aparece na lenda inglesa de Herne, o Caçador, que usa um capacete feito de crânio de cervo e ornado com pequenos chifres. Seu punho esquerdo tem um bracelete de ferro que irradia estranha luz. Uma coruja voa por cima dele, enquanto ele conduz seu bando de vampiros e fantasmas através do bosque.

Entre os astecas, a coruja era, como a aranha, o animal símbolo do deus dos Infernos. Vários códices representam-na como "guardiã da casa escura da terra". Associada às forças ctônicas, é também um avatar da noite, da chuva e das tempestades. É associada ainda à morte e às "forças do inconsciente luni-terrestre que comandas as águas, a vegetação e o crescimento em geral."

Ainda hoje, para as etnias indo-americanas, a coruja é uma divindade da morte e guardiã dos cemitérios.


ROSANE VOLPATTO
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