Silêncio
Ouço resmungos
mal empregados
analfabetos sem emprego
envelhecidos pelo combate
com a vida dificultada
longe da saúde
Não ecoam
na minha preocupação
com a carreira
subir na vida
Silencio
Vejo choro de crianças
mal nascidas
desleitadas
pais ignotos
mães ausentes
abandonadas
em silêncio
Cheiram cola
incomodam
em todo lugar
mãos pedintes
longe da escola
riscam, sujam
afugentadas
pássaros em bandos
a beliscar plantações
somem e ressurgem
na detenção
O silêncio volta
Sinto a mão armada
dos meninos assustados
Acham ser grande
brigar, matar, morrer
tomando à força
o quem não têm
Passado, nem lembrar
futuro, nem pensar
desligados do presente
Força, força, força
é o que importa
e conhecem
truques e truculência
violações e violência
vida, um jogo-de-empurra
morte, um caminho
constante, presente
gritos
tiros
silêncio total
João Afonso - Palmas - TO
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