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cronicas-->Madrinha -- 03/09/2002 - 16:10 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Gumercindo nasceu meio magro, com risco de bater as botas em poucos minutos, quem sabe horas. Foi assim que a freira definiu o quadro para providenciar logo o batismo do infeliz.
A tarefa foi rapidamente executada, com o improviso de uma faxineira que passava pelo local no papel de madrinha e de um vigia do hospital beneficente.
Mas Gumercindo se revelou magro de ruim. Cresceu, estudou até a terceira série, largou os livros e foi viver de malandragem. Os pais, que não tinham noção do que fazer com os doze filhos, iam deixando que cada um tomasse seu rumo, às vezes sumindo na estrada, às vezes levados por alguma família que estivesse a fim de arrumar uma auxiliar ou um moleque para serviços pequenos.
Alguns deles tiveram sorte, mas o Gumercindo era muito lépido, aprontava com todo mundo, gostando apenas de visitar seu padrinho.
A madrinha deixou um retrato quando mudou de cidade e pouco contato teve, mesmo por carta, que era um luxo para os habitantes do local.
A pobreza, falta de comida e de saúde de vez em quando levava alguém da vizinhança. Um dia levou o seu irmão mais novo, o Geraldinho. Morreu que era só pele.
Os pais nem choraram. Ninguém chorou porque na rua morreram mais cinco no mesmo dia. Juntaram uns panos, que caixão era luxo, embrulharam os corpos e jogaram numa vala comum, como tantas que haviam na cidade, lá perto do riacho seco.
Gumercindo, então com 12 anos, decidiu sair da vida de sua família, buscando guarida noutras paragens.
Achou um carroceiro que ia para o Sul do Estado, passou a conversa no homem e foi embora para sempre.
Na cidade grande arriou, se meteu numa feira e comeu xepa até se fartar. Conheceu alguns moleques que também perambulavam sem família e organizaram um bando para roubar pequenas coisas.
Foi assim que cresceu, de vez em quando sendo recolhido pela polícia, apanhando e aprendendo porcarias.
Um dia viu uma mulher estendendo roupas num varal, entre elas uma camisa de futebol.
Pulou a cerca para tomar posse da peça. A mulher reagiu e Gumercindo feriu-a mortalmente com uma tábua.
A polícia veio rápido, levando o meliante para a cadeia. Lá ficou sabendo que a mulher que matara era sua madrinha, que estava planejando uma visita surpresa ao afilhado na semana da páscoa.
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