44 usuários online |
| |
|
Poesias-->AIS DE INFÂNCIA -- 26/07/2003 - 15:13 (Elane Tomich) |
|
|
| |
AIS DE INFÂNCIA
Elane Tomich
Muitos longes tem a espera.
Desabonos da inocência,
Em compridos abandonos
De morte curta em seqüência.
Um pedido sem socorro,
Grito pasmo de revolta
Que bate na pedra e volta
Ecos de urros de fera
Espalham-se à boca pequena
Como é que ela sonha
Se traz no brinquedo, a vergonha?
Ela tem pele serena
Corpo e canto de menina
Cabelos de seda pura
Boca de goiabada
Curiosidade sem cura
No corpo, cicatriz rosada
Sem vãos, uma estrada lisa
E a sedução precisa
De quem não pode saber
O que seduz sem querer.
Ele é grande e desce o morro
Tem jeito de lobo e monge
É de perto e é de longe
Come à mesa do jantar
E traz uma dor planejada
Preparada e desejada.
Que da caça há de fartar.
A cena que se encena
Repete teatros de esquina.
Há uma esperança rasgada
Numa criança negada.
Aquele tão vivo vermelho
Não é tintura de chita,
Não é pintura bonita...
Mas lava-se em água fria
Na cachoeira que ria...
Não se reflete no espelho.
Que o sangue escondido,
Virou uma flor no vestido.
Sempre do mesmo jeito
Estupidamente estática
A brutalidade apática.
***
Quem pode acolher no peito
Quem guarda tanto segredo
Tanto ataque por defesa,
Feiúra em tanta beleza
E o arrepio do medo?
Houve um anjo que morreu...
E ela desde menina
Cheia de dor e pecado,
Por quem mutilou o afeto
E esculpiu o querer,
Refaz e reconta a sina
E sem limite e sem teto
Do que pode , dá o recado
De outro anjo à espera
Que encontre em seu medo a calma
E em seu corpo ache alma
Domando-lhe a dor do desejo
Da raiva, pressa do beijo
Num abraço que aquece
Na carícia doce que cresce.
..................................
Para meninas muitas, mulheres colhidas verdes, ainda em botão, antes de flor.
|
|