[24.11.02 1:06 PM | Tiago Xavier]
PEQUENA HISTÓRIA DOS BANHEIROS
Sou dotado de uma bagagem cultural que serve apenas para divertir, a mim e as outras pessoas. Por exemplo: Alguém sabe o nome do inventor da privada. Privada mesmo, vaso sanitário, cagatório, aquele trono onde todo mundo se torna rei, onde senta-se e alivia-se a alma cheia de dejetos. Parece um assunto nojento, mas de extrema importància. Sir John Harington, ao inventar a privada em 1596, revolucionou a estrutura sanitária das casas européias. Estamos falando do final do século XVI, mas a moda não pegou abruptamente. A privada seca interior só foi difundida na França no século XVIII. As patentes antes disso eram portáteis. Patentes de rodinha. Imagina o sujeito se aliviando numa patente de rodinha. A diversão da época devia ser o privilégio de se aliviar apostando corridas. Reis e outros nobres da corte fazendo força, literalmente, para alcançar velocidade. O primeiro colocado ganhava mais papel higiênico que os demais. Papel esse que aliás foi inventado pelos chinenes, que com sua cultura milenar obteve tão magnífica prática, mais importante para a higiene doméstica que o papel de parede, que apareceu mais ou menos ao mesmo tempo e foi uma idéia européia.
As cidades da cultura pós Medieval não suportariam uma inspeção rigorosa se o quesito analisado fosse a higiene. Contrariando a idade que lhe antecedeu, a sociedade Moderna dos séculos XVII e XVIII vivia numa situação exorbitante dentro da sua própria falta de asseio. A idade Média era mais limpinha.
Com o renascimento cultural, há uma celebração do corpo em pinturas, esculturas e nas artes de modo geral. Porém, esse mesmo corpo não foi conservado tão limpo quanto na cultura anterior, onde o banho purificava a alma de todos os pecados através da pureza da água. Mas porque uma civilização que se julgava evoluída culturalmente perdera o hábito do banho? Na idade moderna, o banho era para nobres, era coisa luxuosa, para fortificar o corpo após um ato de libertinagem.
Consequência da falta de madeira combustível usada para esquentar a água do banho. Isso fez com que o preço da água quente disparasse, fosse mais alto que a inflação no final do mandato FHC. Banho mesmo, é pra quem pode, não é pra qualquer um.
O século XIX, com suas revoluções no progresso mecànico, perpetuou o banheiro nas casas até os dias atuais. O que nos proporciona comodidade, higiene e conforto. Se eu tivesse um Lap Top, iria escrever do banheiro, sentado no trono, me sentindo o "Rei dos Reis". Mas gostaria de obter uma patente de rodinhas. Deve ser o invento mais divertido do mundo... .