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Cronicas-->Um dia na praia ( por L. F. Veríssimo) -- 07/12/2002 - 11:47 (****Jair Toledo X. Jr****) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Chegou o verão.

E com ele também chegam os pedágios, os congestionamentos na estrada,
os bichos geográficos no pé e a empregada cobrando hora-extra. Verão
também é sinónimo de pouca roupa e muito chifre, pouca cintura e muita gordura, pouco trabalho e muita micose.
Verão é picolé de Ki-suco no palito reciclado, é milho cozido na  água
da torneira, é coco verde aberto pra comer a gosminha branca.
Verão é prisão de ventre de uma semana e pé inchado que não entra no
tênis.
Mas o principal, o ponto alto do verão é... a praia!!

Ah, como é bela a praia!

Os cachorros fazem cocó e as crianças pegam pra fazer coleção. Os casais
jogam frescobol e acertam a bolinha na cabeça das véias. Os jovens de
jet ski atropelam os surfistas, que por sua vez, miram a prancha pra  abrir
a  cabeça dos banhistas.

O verão é Brasil, é selva, é carnaval, é tribo de índio canibal.
Todo mundo nu de pele vermelha. As mulheres de tanga, os homens de
calção tão justo que dá até pra ver o veneno da flecha, e todo mundo se comendo cru.

O melhor programa pra quem vai à praia é chegar bem cedo, antes do
sorveteiro, quando o sol ainda está fraco e as famílias estão chegando.
Muito bonito ver aquelas pessoas carregando vinte cadeiras, três
geladeiras de isopor, cinco guarda-sóis, raquete, frango, farofa,
toalha,bola,balde, chapéu e prancha, acreditando que estão de férias. Em
menos de cinquenta minutos, todos já estão instalados, besuntados e
prontos  pra enterrar a avó na areia.

E as crianças? Ah, que gracinha! Os bebês chorando de desidratação, as
crianças pequenas se socando por uma conchinha do mar, os adolescentes
ouvindo walkman enquanto dormem. As mulheres também têm muita diversão
na praia, como buscar o filho afogado e caminhar vinte quilómetros pra
encontrar o outro pé do chinelo. Já os homens ficam com as tarefas mais
chatas, como perfurar um poço  pra fincar o cabo do guarda-sol. É mais
fácil achar petróleo do que conseguir fazer o guarda-sol ficar em pé.

Mas tudo isso não conta, diante da alegria, da felicidade, da maravilha
que é entrar no mar!Aquela água tão cristalina, que dá pra ver os
cardumes de latinha de cerveja no fundo. Aquela sensação de boiar na
salmoura  como um pepino em conserva.

Depois de um belo banho de mar, com o rego cheio de sal e a periquita
cheia de areia, vem aquela vontade de fritar na chapa. A gente abre
esteira velha, com cheiro de velório de bode, bota o chapéu, os óculos
escuros puxa um ronco bacaninha.

Isso é paz, isso é amor, isso é o absurdo do calor. Mas, claro,  tudo
tem seu lado bom. E à noite o sol vai embora. Todo mundo volta pra casa
tostado e vermelho como mortadela, toma banho e deixa o sabonete cheio
de  areia pro próximo. O Shampoo acaba e a gente acaba lavando a cabeça
com qualquer coisa, desde o creme de barbear até desinfetante de
privada. As toalhas, com aquele cheirinho de mofo que só a casa de praia
oferece. Aí, uma bela macarronada pra entupir o bucho e uma dormidinha
na rede pra adquirir um bom torcicolo e ralar as costas queimadas.
O dia termina com uma boa rodada de tranca e uma briga em família.
Todo mundo vai dormir bêbado e emburrado, babando na fronha e  torcendo,
pra que na manhã seguinte, faça aquele sol e todo mundo possa se
encontrar  no mesmo inferno tropical...

Qualquer semelhança com a vida real, é uma mera coincidência..``

Luís Fernando veríssimo
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