Quando falei em pedofilia, em 1996, numa escola pública aqui na Bahia, em palestra aberta aos professores, inclusive dizendo que as danças eróticas que os adultos inventam e mandam as crianças reproduzirem constituem a representação do imaginário pedófilo da sociedade brasileira, causei forte impacto. Não sou especialista no assunto, mas por conviver muito com adolescentes, devido ao fato de ser professor, eu vejo o assunto de forma especial.
Bem, agora são visíveis, no Brasil, escândalos de pedofilia – o que aumenta a importância da ampliação do debate e o conhecimento do tema, pelo conjunto da sociedade. Numa análise sociológica, distinguem-se duas categorias na situação de abuso sexual: o agressor sexual e o pedófilo. O agressor sexual é circunstancial, principalmente, pelas relações de gênero, porque a maioria dos vitimizados é menina. Mas há outros fatores aditivos a essa cultura machista, como bebida em excesso, miséria ou desemprego.
Já o pedófilo, do pouco que sei, tem intenção exclusiva, só sente atração por crianças, até mesmo bebês, especialmente, os púberes. Segundo o psiquiatra americano Tim Smith, citado por Jeffrey Kluger, na Time Magazine, os pedófilos que gostam de adolescentes “cortejam com o ardor de um pretendente apaixonado”, esbanjam elogios e dão presentes. São homens, raras mulheres, e, no consciente, crêem que sua relação é benéfica, validando-se em antigas sociedades.
Os agressores sexuais parecem preferir meninas (e mulheres). Os pedófilos estão sujeitos à disponibilidade do sexo que aparecer. A pedofilia é uma doença, mas ainda não se sabe por que existe. Alguns foram molestados na infância, porém, a maioria parece ter recebido estímulos, nos primeiros anos de vida, que causaram confusão na passagem para o despertar sexual, segundo Ferder. Os psiquiatras atuam com medicamentos e terapia, mas só o que conseguem, afirma Smith, é controlar a psicopatia, pela abstinência sexual.
O problema com a Igreja, esgarçada por padres pedófilos, é explicado pela abstinência sexual imposta. Contudo, esses padres denunciados não teriam buscado o sacerdócio para se proteger da doença, sem lograr êxito no sacrifício de abster-se de relações sexuais?
Os pedófilos, por serem psicopatas, procuram profissões que os tornem cidadãos acima de qualquer suspeita, mas costumam, inconscientemente, deixar pistas para ser descobertos e, assim, se ver livres, de alguma forma, do sofrimento. Daí, as fitas de vídeo encontradas em poder de alguns.
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