FIDELIDADE
No doce embalo da tarde
Dei os braços para a saudade,
Revivi com intensidade,
Que julgava apagada,
A minha louca ansiedade
Quando o relógio implacável
Marcava a hora da tua chegada
Na mesa, a toalha bordada,
Com fios de ouro adornada,
No quarto, a cama arrumada,
Com o mesmo requinte da sala:
Vinhos finos, lençóis de linho,
Eram apenas pano de fundo
Para aquele amor tão profundo
Hoje madrugada, me pergunto:
Em que momento perdemos o rumo,
Em que dor o diálogo ficou mudo,
Em que duvida dividimos nosso mundo,
Em que despedida nos fizemos muros,
E sem saber, nos tornamos túmulos,
O mofo dos anos se espalha,
Se faz em cheiro e gosto,
Procuro compor teu rosto,
Sem o ranço do tempo,
Não te quero amargura
Prefiro preservar tua ternura
Sob o tênue véu que te contemplo
Vôo contigo ao sabor do vento,
Sei que é pouco para tanto sentimento,
Mas tudo que é abrande meu tormento
Mesmo uma lágrima perdida no tempo,
Para mim basta, eu me contento.
MORGANA
Rio de Janeiro, 06/08/03.
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