Comecei a subir. A princípio meio desajeitado. Dando cabeçada para lá e para cá. Depois ganhei jeito. Fui tomando gosto e fui subindo cada vez mais.
Quando cheguei lá em cima, bem no alto, comecei a bailar. Que coisa gostosa! Tudo ali embaixo bem pequenino!
Foi aí que vi um homem passando com seu orgulho. Ele ficou menor do que o estava vendo realmente.
Tudo- pensei- depende de ângulo. Basta mudarmos nossa posição na vida para vermos o quanto certas coisas que valorizamos são tão insignificantes.
Mudamos nossa posição e mudamos a nossa visão da vida. De onde eu estava agora, tinha uma visão mais global, mais geral. De onde estava via certos homens se rastejando no orgulho. Tão pequenos!
Continuei flutuando, meditando e os pensamentos iam se abrindo, tornando-se leves. Contraditoriamente, me sentia enorme. Abarcava tudo de uma só vez. Quanto mais nos distanciamos dos problemas, maiores ficamos e quanto mais próximos a eles, mas ficamos menores.
E, quanto mais me sentia crescer, mais sentia piedade por aquelas vidas lá embaixo. Todos tão cegos! Como podem, ali embaixo, ter uma visão grandiosa, exceto que se elevem?
Para Isto, é preciso tirar os pés do chão e erguer os pensamentos. Mas, a maioria está tão colado à terra, com o peso de seus problemas, que não conseguem se decolar mais. Não conseguem viajar dentro de si mesmos.
O fato é que os dias vãos se passando e os homens vão ficando pesados, densos e não conseguem se erguer. Para flutuar eles precisam se soltar, se libertar de tudo que os puxem para baixo.
Está certo que, para uma pipa como eu, isso é fácil, mas onde está a imaginação? Não basta, para isto, soltar a linha?
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