NOITES NUAS
Que falar de um amor falido
Exaurido de tanto amar,
Ainda que vivo no meu coração ferido,
Que é amigo? Que é antigo?
Que foi bonito em tempos idos?
Que falar dos momentos de agonia
Quando na minha memória,
Toco de mansinho tua pele macia,
Na ternura de nossas noites nuas,
No delírio de nossas bocas mudas,
E sinto o prazer das tuas carícias
Invadir com malícia, que delícia,
Cada pedaço do meu corpo morno
Quase liquefeito, no êxtase sem par,
Dos nossos corpos perfeitos,
Exaustos de tanto amar
Que falar de um amor sem paradeiro,
Hoje, sonho morto, mar revolto,
Restos de um querer torto, tolo,
A povoar a saudade que me invade
Contra minha vontade, que maldade,
Esta angústia que se revela,
Sob dissimulado assombro
A desabar sobre meus frágeis ombros,
No tormento vazio dos dias
A tornar frio o que antes fervia,
Sob o abrigo da tua companhia
Que falar desta revolta antiga
Que não tem hora nem aviso
Para se espalhar pelo meu juízo,
Sob o manto da lua ou nos pingos da chuva,
É dor que machuca, é paixão caduca,
O que falar desta paixão desmedida
Que nem o tempo justifica,
Só aprofunda a ferida,
Posto que esta desdita é mais que dor
É despedida
MORGANA
Rio de Janeiro, 08/08/03.
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