DUQUESA
Não escrevo em vão esta carta poema
Em resposta, teu rosto realça o pôster deste pergaminho
O teu sorriso de inverno engolindo o outono, encena
Metamorfoseando querelas de mil faces em desalinhos...
Se achas a missiva amorosa, faz-se, então, o se não!
O sentimento, o coração, moveis mofo da balzaquiana.
Toda carta postal enviada por ti aflora na exasperação
Flores assim, murchas, que me atiças, sem auras ou flama...
Eu sei, tentas segregar a caixa postal do missivista
Sortilégio irrealizável... Plumas no baile dos ventos!
Não te olho, não te sinto, não te rogo... Venutista,
Levanto o vôo dos pássaros sagrados, no silencio
Resguardo as minhas asas da lamina arrivista...
Não escrevo em vão esta carta poema, jamais!
Quando a destinatária faz-se musa da farsa
E tenta apossar-se de mim, remetente, mais e mais!
O missivista, então, conversa com as estrelas
E moscas afogadas zumbem pela madrugada...
Mas, não te assustes com o abstrato da missiva
Onde não há caminho algum, o concreto vira cizânia
A farsa cintila, solta, flui e flameja, foge, não realiza
Deixa vestígios e no então o remetente pede vênia!
Nhca
Jul/03
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