Nas correntes do meu cérebro,
nas batidas do coração,
Sinto meu sono tenebro,
e meu amor numa canção
Na corrida contra o tempo,
na janela de um quarto
Sinto meu corpo tenso,
meu limite está farto
Em um sol que já não brilha,
em uma insônia que não sara
Sinto a cama como uma trilha
para o incômodo que não pára
Em caminhos sem rumo,
em um lugar escuro
Sinto medo profundo
em meu choro obscuro
Nas cores de um céu,
nos escombros de um passado
Sinto o pensamento em fel,
e o coração indignado
No silêncio de uma madrugada,
no gorjear de um grilo
Sinto a garganta arranhada,
num pesadelo solto um grito
Com os olhos apertados
e rasos d água,
Sinto os sonhos desatados
e o coração em mágoa
Em um tempo que não passa,
em um silêncio agonizante
Sinto que o sono embaça,
e que a música é um calmante
E finalmente consigo dormir,
num tempo quase manhã
No sol que está para sair,
já estou no amanhã... |