MERETRIZ DA NOITE
De hírcico cheiro, lá, junto às bacantes,
Hirto, observando tu, ubíqua, nas mentes,
Inda absconsa estiveste entre os dementes,
Exsurgir vi o circo de ignorantes,
Cuja dira platéia de pagantes
Esparzia os escárnios teus contentes.
Prazeres merencórios, entrementes,
Tão-somente em teus gozos lancinantes.
Riso refece, aljube do sorrir,
Refém sou do que não me vou carpir.
Meus segredos e a honra tu levaste,
Feito a híbris de outrora e seus ardis.
Ah, solidão, da noite meretriz,
Foste tu que jamais só me deixaste.
MAURICIO DE MELO PASSOS |