Usina de Letras
Usina de Letras
20 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62285 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22540)

Discursos (3239)

Ensaios - (10388)

Erótico (13574)

Frases (50677)

Humor (20040)

Infantil (5458)

Infanto Juvenil (4780)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140818)

Redação (3310)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6209)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->A FíSICA E OS MISTERIOS DO UNIVERSO -- 14/12/2002 - 20:19 (José Renato Cação Cambraia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A Física e os Mistérios do Universo

O Universo no qual vivemos reserva muitos mistérios. Alguns deles são tão complicados de serem compreendidos que me dão dor de cabeça só de começar a pensar neles. Por exemplo, sempre me questiono se o Universo tem um fim. Sabemos que teve um começo (há 14 bilhões de anos), mas o que havia antes? Será que o "Tempo" teve um instante inicial, terá um final, ou é infinito? Ou pior: será que o tempo é infinito "para a esquerda", ou seja, nunca ouve o instante t=0? E viagens no tempo, então? Darmos um pulo no futuro tudo bem, já está provado que o Einstein estava certo (até um certo ponto). Basta que você arranje um veículo suficientemente potente para lhe acelerar até uma velocidade próxima da velocidade da luz (que é de aproximadamente 300.000 Km/s no vácuo). Dessa forma, se você viajasse durante poucos segundos nessa velocidade, acabaria indo parar alguns anos no futuro. Mas e quanto a voltarmos ao passado? Particularmente, temo que seja impossível. Porque se um dia de fato conseguirmos fazer isso, mesmo que daqui a, sei lá, mil anos, alguém poderia aparecer hoje, ou ano passado, ou há duzentos anos pra dizer um "e aí, cara, beleza?".
Tudo bem, esse assunto dá uma grande discussão até numa mesa de bar. Aliás, já presenciei uma acalorada contenda numa mesa onde se falava de física relativística que quase acabou em tragédia... costelas quebradas, cadeiradas na cabeça, garrafadas, essas coisas... foi terrível!
Mas nem tudo na Física é tão complicado. A Física Newtoniana, que é consegue nos descrever as coisas mais prosaicas da nossa vidinha na Terra (e outras nem tanto), é muito clara e completa nos seus conceitos. E não é preciso estudarmos muita Física para sabermos, por exemplo, que as coisas caem.Ou que se você empurrar a geladeira, ela pode sair do lugar ou não. Isso é natural para nós, mamíferos cheios de idéias e vontades próprias. Nosso corpo aplica naturalmente os fundamentos da Física ao andarmos, falarmos, suarmos, comermos e até, como acontece com alguns de nós, a pensarmos. A questão é a seguinte: se a Física nos é tão natural assim, por que ela é tão maltratada?
A idéia dessa crónica ocorreu depois de uma conversa com meu amigo Foca, vulgo Ênio Farto Pereira, durante uma das nossas pelejas futebolísticas de sábado. Comentávamos sobre uma das coisas que o Galvão Bueno adora falar quando o campo está molhado: que a bola, quando resvala no chão, "ganha velocidade". Depois disso, no jogo do Corinhthians contra o Santos, fiquei prestando atenção nas besteiras que o Galvão falava enquanto sofria vendo meu time penando pra não tomar uma goleada. E, para minha surpresa, o glorioso locutor me presenteou com uma pérola preciosíssima. Ao observar um lance onde a bola quicou na grama e escapuliu do domínio do zagueiro, ele soltou "... a velocidade da bola praticamente dobra quando toca na grama". Putz...
Ora, senhor Galvão Bueno, convenhamos! Para que um corpo tenha sua velocidade alterada, ele precisa que uma força seja aplicada sobre ele. Senão ou ele fica parado ou continua com velocidade constante (isso é vulgarmente conhecido como "princípio da inércia").
A bola, em sua trajetória, sofre ação de diversas forças: a primeira, que a coloca em movimento, é aplicada pelo chute do jogador. Após a colisão entre a chuteira e a bola, essa força deixa de existir. Portanto, a bola tenderia a prosseguir com velocidade constante e seguindo uma trajetória retilínea. Mas há ainda outras forças que agem sobre a pobre esfera inflada: seu peso e o atrito com o ar. Bom, acredito que até um locutor esportivo sabe que se jogar um sorvetinho pro alto, o mesmo pode acertar a sua testa. Portanto, em sua trajetória, a bola está também caindo. E, devido ao atrito com o ar, sua velocidade está constantemente diminuindo, pois o ar "tenta impedir" que a bola o atravesse. Mas essa força é relativamente pequena, e nesse caso pode ser desprezada.
Agora chegamos ao instante crucial: a bola toca o chão. Segundo o nosso dileto narrador esportivo, a bola tem sua velocidade "praticamente dobrada". Logo, segundo o princípio da inércia, uma força foi aplicada sobre ela. E, como a velocidade supostamente aumenta, a força deve ser no mesmo sentido do movimento. Então eu lhe pergunto, senhor Galvão Bueno, quem aplica tal força misteriosa? O ar? O jogador, através do poder da mente? Deus? Ou as folhinhas da grama, que pensam "bom, hoje tá chovendo, vamos empurrar a bola quando ele nos tocar, ok?!"?
O leitor me desculpe, se é que chegou até aqui, mas eu fico extremamente irritado ao ouvir besteiras, principalmente quando ditas com essa propriedade assombrosa que o senhor Galvão Bueno adora exibir. Ele sabe o que as pessoas pensam, o que estão sentindo. Sempre tem explicação para tudo. Ele é um narrador esportivo onisciente!
Sei que na verdade ele simplesmente preenche o tempo do jogo com seu discurso verborrágico. Mas podia pelo menos diminuir a quantidade de besteiras que fala.
Tem mais algumas coisas que eu ouço e fico meio incomodado. Como quando alguém diz que "um raio nunca cai duas vezes no mesmo lugar". Bom, nem vou comentar que o raio tanto pode "cair" como "subir", dependendo da carga elétrica presente nas nuvens. Mas olha só, se o raciocínio estivesse correto, os pára-raios seriam descartáveis! Ou não?
Outros casos da física são meio inaceitáveis na vida cotidiana. Por exemplo, quando eu digo que a água líquida nunca atinge uma temperatura maior do que 100ºC (nas CNTP), ou seja, que cozinhar o macarrão no fogo alto demora o mesmo tempo do que no fogo baixo (que faz menos bolhas e gasta menos gás), algumas pessoas (principalmente as mulheres) querem me bater! Ou quando eu digo que não existe força centrífuga, alguns ficam indignados, dizendo "existe sim, minha mãe comprou até uma centrifugadora!".
A Física é uma ciência incrível. Modelar matematicamente o nosso universo foi uma das idéias mais brilhantes do ser humano. Com ela, pudemos desenvolver máquinas potentes, velozes e eficientes. Pudemos olhar para fora do nosso sistema solar, pudemos, olha só, inventar um jeito de voar! Foguetes, bombas atómicas, DVD, máquina de sorvete, videogames, edifícios, cinema, bandas de rock, máquinas fotográficas, carros, trens, cerveja, desenho animado, óculos, ar condicionado, coca-cola, sei lá, tudo envolve pelo menos algum fenómeno físico. Por isso, não pense na Física como somente aquela matéria que te deixou de exame no colegial e que você odeia, mas sim como aquela ciência que pode lhe permitir desvendar os vários e misteriosos segredos do Universo. Ou, pelo menos, a não falar besteiras.


Renato Cação Cambraia é incentivador e entusiasta daquela campanha "NÃO COMPRE NAQUELE LUGAR QUE USA CAMINHÃO DE SOM ALUCINADAMENTE ALTO". beco@netonne.com.br
BECO/JORNAL A SEMANA - 14/12/2002
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui