Teu sorriso jaz tão frio nos teus lábios,
E tuas curvas jazem belas e sem vida.
Sob as pedras alvas, úmidas de orvalho,
Tu descansas um instante tuas feridas.
Tuas pequenas mãos, teus dedos delicados
Não preenchem mais o mundo de carícias,
E teus olhos, para sempre imaculados,
Não verão jamais um mundo sem delícias.
Se ainda dormes solitária ou se sonhas,
Se tens medo do escuro ou se iluminas
Tuas noites com um sol que não se ponha
E que brilha nos teus olhos de menina
Saberei te escutar quando me chamas,
Te abraçar se choras triste e tão sozinha?
Sei que sinto teu suspiro que me inflama
E tua voz no meu silêncio me fascina,
Nas minhas mãos, tenho as tuas mãos tão pálidas
Mas as sinto ainda frescas como o dia,
Nos meus olhos, tenho ainda as tuas lágrimas,
E em mim ainda vives, poesia.
© Brenno Kenji
24.09.2000
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