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Infantil-->UMA VIAGEM AO CÉU -- 30/07/2002 - 23:42 (Nelson Ricardo Cândido dos Santos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Apesar de ser de dia,
uma história vou contar
e em mim rabo de cotia
corro o risco de criar.

Há muito tempo a escrevi
pras pessoas entreter,
esquecendo-a num caderno,
dando-a agora a conhecer.

Conta a história de um menino
sonhando sempre em voar,
querendo subir às nuvens,
com suas mãos as tocar.

Certo dia em que estava
tentando algo alcançar
em cima do guarda-roupa,
pôs-se logo a se esticar.

Não se passou muito tempo,
sem grande esforço fazer,
o menino conseguiu
o objeto obter.

Ante a facilidade,
a criança se espantou.
“Como cresci desde ontem!”,
foi o que ela pensou.

Mas quando pro chão olhou,
viu que os pés nada tocavam:
como se fossem balões,
na verdade flutuavam.

O menino se lembrou
dos sonhos que já tivera
em que ia flutuando
livre pela atmosfera.

Só que agora era real:
ele estava flutuando
e, ao largar o guarda-roupa,
foi pelo quarto voando.

Voava, mas sem controle
de altura ou direção
e, por mais que ele tentasse,
não parava mais no chão.

O medo lhe invadiu
ao ver a janela aberta,
pois, se fosse para fora,
se perderia na certa.

Após um longo esforço,
conseguiu, enfim, descer
e treinou a manhã toda
para voar aprender.

Quando já craque estava,
voando pr’onde quisesse
dentro de seu próprio quarto,
achou que sair pudesse.

Depois de muito hesitar,
de coragem se armou
e, flutuando seu corpo,
pela janela passou.

De início, com cuidado,
não ficou longe do chão,
fazendo um vôo rasteiro,
não indo tão alto, não.

Foi aos poucos subindo,
sobre as copas planando
de algumas árvores baixas
com as quais ia topando.

E, após passar por elas,
olhou para cima, então,
vendo aquelas brancas nuvens
contra o azul da imensidão.

Como que hipnotizado,
sentiu as nuvens chamá-lo
e, lembrando de seu sonho,
resolveu realizá-lo.

Foi subindo mais e mais,
até as nuvens tocar,
pulando de uma pra outra,
brincando até se cansar.

Recordou de certa história
que o Lobato escreveu
em que as crianças do Sítio
viajaram até o céu.

“Se elas aproveitaram
a viagem pra brincar,
vou fazer a mesma coisa:
pelo céu vou viajar”.

Fingiu que estava no mar
e que as nuvens eram água.
Esticando braço e perna,
boiou feito uma pirágua.

Imaginou-se num campo
coberto todo de neve.
Não perdendo esta chance,
fez um boneco de neve.

Vendo um conjunto de nuvens
parecendo carneirinhos,
transformou-se num pastor
levando ao campo os bichinhos.

Vislumbrou um arco-íris,
tendo o sol às suas costas.
Fez dele escorregador
e desceu suas encostas.

Por um momento parou
numa nuvem a descansar
e, afofando-a dos lados,
uma cama fez formar.

Pulou da cama correndo
quando por ele passou
voando um bando de patos,
que o menino imitou.

Bateu braços qual asas,
grasnou qual um pato faz,
mas logo deu meia volta
pra não se afastar demais.

“Que delícia este poder
de como as aves voar.
O mundo visto do alto
parece um sagrado altar.

Se todo homem pudesse
ver como o mundo é imenso,
cessaria toda a guerra,
viveria com bom senso.

A terra é muito grande
pra todos viverem em paz;
é um imenso coração
como o de nossos pais”.

Continuou seu passeio,
depois de filosofar.
Foi a uma nuvem escura
em suas águas nadar.

Dali voou feito pluma
sem destino pelo céu,
sorvendo cada instante,
como uma abelha o mel.

Como um pássaro voando
num horto, de galho em galho,
nuvem em nuvem pulou
por longo tempo o pirralho.

Já o sol ia se pondo,
quando o menino desceu.
Tão cansado ele estava,
que deitou-se e adormeceu.

Acordou só no outro dia,
pensando logo em voar,
mas, para surpresa sua,
não podia vôo alçar.

Tentou voar várias vezes
e em todas fracassou,
fazendo-o pensar que o vôo
fôra algo que sonhou.

Passou o dia amuado,
recordando o sonho belo
que o mar da realidade
desfez, em areia, o castelo.

De qualquer forma o menino
teve a real sensação
de voar por entre as nuvens,
sendo isso sonho ou não.

E ninguém pode apagar
a lembrança que ele guarda
do sonho realizado,
pelo qual de novo aguarda.

Se hoje lhe perguntarem
o que aprendeu desse sonho,
dirá que, além de altas nuvens,
há sempre um sol risonho.

Mas o menino não lembra
que a roupa por ele usada
e jogada no banheiro
estava toda molhada.

A mãe pensando está
que o filho voltou molhado
devido a alguma chuva
que acaso tenha tomado.

Se ele lembrasse disso,
saberia, com certeza,
que o sonho foi verdade:
findaria sua tristeza.

Enquanto ele recorda
o vôo em sua memória,
vou-me embora para casa,
pois acabou-se a história.

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