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Contos-->Syëmberarth - Capítulo 1 -- 23/03/2003 - 21:30 (Juliana Rabelo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
I
.:*~Sinaarth, a Estrela Perdida~*:.


Como se estivesse sendo levado pelo vento, Helin cavalgou o mais rápido possível. Apenas quando sentiu a Escuridão ao seu redor, percebeu que até mesmo os mais sábios elfos poderiam ser corrompidos. Com todas as suas forças, não deixou que aquela tristeza invadisse seu coração e no final do segundo dia já estava perto do Desfiladeiro de Beltas. Ele não havia seguido pela estrada do norte, passando pela Ponte Dorna, pois estava muito perigosa para qualquer criatura que ali passasse. Atravessou os campos e colinas verdes até chegar em uma pequena floresta, conhecida como Floresta Yáris, a Estrela Perdida. Diz a lenda élfica que ali nasceram os primeiros elfos e no centro da Floresta podia-se ver a mais brilhante das estrelas: Gaeras. No início do reinado da Escuridão, Gaeras desapareceu e apenas alguns elfos dizem tê-la visto. Estes deram o nome do lugar de “Floresta da Estrela Perdida”.
Helin encontrou o Centro da Floresta e ali descansou, procurando Gaeras, como todos os viajantes que ali passavam. Por volta da meia noite, uns ruídos estranhos perturbaram sua mente e ele acordou coberto de folhas de outono. Levantou-se lentamente, pegou sua espada e parou atento, ouvindo os sons e ruídos da floresta. Apesar de enxergar muito bem, a noite escura atrapalhava sua visão e o elfo não conseguia ver além das árvores ao seu redor. Os ruídos cessaram e Helin só conseguia ouvir o som de sua respiração. Um vento gelado tomou conta do lugar e o medo calou os animais. Helin olhou para cima: a lua brilhava sob sua cabeça. Voltou a olhar para os lados. Sua mente foi tomada por uma estranha força e seu corpo por uma entorpecente sensação. Lentamente foi perdendo a consciência e caiu ao lado de seu cavalo, também em sono profundo.

O Sol brilhava na Floresta, o orvalho caía em seu rosto, acordando-o no profundo sono. Helin levantou-se assustado. O que teria acontecido? Já teria passado do meio dia? O que era aquela sensação estranha? Lavou seu rosto no riacho perto de uma clareira e tomou um gole de tenrain. Aquelas eram terras estranhas. Apesar de estar em um lugar sagrado pelos elfos, Helin não se sentia confortável e sempre tinha a sensação de ter algo estranho acontecendo. Poderia ser a Escuridão dominando a Estrela Perdida, como o resto de Syëmberarth.
- Vou é sair daqui o mais rápido possível...Já descansei mais do que devia, poderia estar no Rio Beltas agora. Vamos Vivent! Temos que nos apressar! - montou no cavalo e saiu como um furacão, levantando folhas e galhos soltos. Cavalgou por uma hora ou menos quando chegou no limite da Floresta. Sem saber o porquê de ter parado, Helin desceu do cavalo e se sentou na grama macia.
- Não sei o porquê, Vivent, meu companheiro, mas apesar de achar essa a Floresta mais estranha em que já estive, agora não sinto nenhum desejo de sair daqui. - Seu rosto se tornou etéreo e fechou os olhos. Escutou o som dos pássaros cantando e a água do riacho. Sentiu um cálido poder tomando conta de si e quando abriu os olhos se deparou com a Estrela que poucos elfos viram: Sinaarth, a Estrela Perdida.
Helin ficou sem fala por um momento. Ofuscado pela luz, ele não sabia dizer se Sinaarth se tratava de uma elfa, humana ou uma estrela que caiu do céu.
- Estrela Perdida! Se for elfa ou mortal, diga! Seu brilho resplandece como o de uma estrela cadente, confundindo o olhar dos elfos!
A Estrela se aproximou e pareceu que a luz intensa diminuiu. Olhou nos olhos de Helin e disse:
- Sou elfa como você e como todos os outros que me viram, Helin de Niarath. Não confundo os olhos dos elfos, eles apenas se permitem sonhar ao serem tomados pela minha luz...O que faz andando sozinho por minha floresta? Não sabe os perigos que o aguardam quando sair daqui? - Sinaarth era branca como as flores da Colônia, seus olhos eram cinzentos e brilhantes e seu cabelo era quase branco, com um leve brilho dourado. Seu vestido também era branco e na cintura havia um cinto de ouro enfeitado com diamantes. Sua voz soava como harpas num dia de primavera.
- Minha Senhora, caminho em direção ao Grande Lago. Desejo ver minha tia, Mimerath, e saber notícias de Esperança. - respondeu Helin, ofuscado pela beleza de Sinaarth.
- Namiarë? Ah, a doce Esperança que salva os corações da Escuridão. Não sei nada sobre ela, a não ser sobre sua famosa espada. Nunca mais a vi desde que foi para as Montanhas de Karnak-tan e isso foi antes da invasão no Escuro. Existe algo em que possa ajudá-lo, nobre elfo? Sinaarth sempre ajuda os elfos de coração nobre e não deixa entrar na Floresta ninguém que não seja digno disso.
- Apenas gostaria de encontrar Namiarë, Minha Senhora, mas receio que isso a Senhora não possa fazer por mim. Agradeço sua ajuda e nunca esquecerei de sua cordial recepção. Apenas tenho dúvidas que martelam em minha cabeça. - disse Helin.
- Quais são suas dúvidas, nobre elfo? - perguntou Sinaarth se aproximando do elfo e o olhando nos olhos.
- Ontem à noite, Senhora, ouvi ruídos estranhos que não me deixaram descansar. Mesmo tentando descobrir o que era, meus sentidos falharam e logo depois fui adormecido por uma estranha energia. Terá sido sua mágica poderosa? Ou terá sido a escuridão?
O rosto de Sinaarth se tornou grave e austero. - Ruídos estranhos são sempre ouvidos aqui, Helin de Niarath. Mas não são de minha natureza. Receio que sejam murmúrios de sofrimento causados pela tristeza e morte. Não permito que esses murmúrios entrem em minha floresta, porém, de tempos para cá, essa força se tornou muito grande e não posso mais impedi-la. - Seu rosto então se transformou e sorriu. - Mesmo que essa força tome conta de toda Dornath, a Floresta da Estrela Perdida continuará segura, pois enquanto eu estiver aqui nenhuma criatura perderá a felicidade e esperança. - Sinaarth se virou, pegou umas folhas secas no chão e se virando para Helin novamente, as soprou em seu rosto. Helin pôde sentir aquela sensação estranha novamente tomando conta do seu corpo e finalmente entendeu porque adormecera na noite anterior.
- Então aquela força foi sua! Mas por quê? - perguntou Helin.
- Queria avisá-lo, nobre elfo. Se sair de minha floresta, sentirá o mal em suas veias. Quis que ficasse aqui e esperasse alguns dias, pois nesse exato momento, algo terrível acontece no Desfiladeiro de Beltas. - respondeu Sinaarth, preocupada.
- Minha senhora, o que poderia ser tão terrível? Algo que eu não possa enfrentar? - Helin se sentiu ofendido com a resposta da Estrela Perdida. Já havia enfrentado muitos males neste mundo, e com certeza sabia como lidar com este, seja lá qual fosse. Era um elfo respeitado, apesar da idade, e sempre lutou com coragem e bravura. Sua espada não era uma espada qualquer, era um presente de Namiarë para Gerad, que a deu para o filho quando ele tornou-se adulto.
- Não sei dizer, Helin, mas não se sinta ofendido. Sei que já enfrentou muitos perigos, mas sinto que devo zelar por sua vida, pois está em meu território agora. Sei o que se passa em sua mente, sei o que quer encontrar. Mas siga meu conselho: fique aqui hoje e amanhã cedo continue sua viagem. - respondeu Sinaarth sorrindo.
Helin então obedeceu e junto com Sinaarth explorou os domínios da Floresta Yáris, contemplando a beleza das árvores, mas não pensava em mais nada a não ser chegar no Grande Lago. Desceram uma colina e chegaram em uma clareira coberta de folhas e juncos, onde o rio corria lentamente. Helin se sentou no chão macio de folhas e comeu e bebeu na companhia dos filhos de Sinaarth. Depois de ter terminado, um elfo de aparência sombria e estranha se aproximou. Era alto, sério, tinha cabelos negros, assim como seus olhos. Usava um manto negro como a noite e era muito pálido.
- Seja bem vindo a Yáris, Helin de Niarath. - Sua voz era grave e forte. Helin se perguntava quem poderia ser ele. - Sou Haniraë, Senhor de Yáris. Fico feliz que esteja descansando em paz, pois em tempos como esse, a paz é sonhada por muitos povos.
- Muito obrigado, Senhor Haniraë. - Helin estava surpreso. Haniraë era marido de Sinaarth, Senhor de Yáris, mas os dois eram totalmente diferentes. Sinaarth tinha uma luz resplandecente, mas Haniraë parecia viver na escuridão. Assim mesmo os dois viviam em grande equilíbrio e seus filhos eram muito especiais. - A Senhora Sinaarth não me deixou prosseguir em minha viagem, mas nesse momento eu até agradeço. Nunca me senti tão bem desde que saí da Colônia, admito que gostaria de ficar aqui ainda por um bom tempo. Infelizmente, uma missão me espera. Vivent cavalgou rápido, mas assim mesmo, não o suficiente. Preciso voltar o mais rápido possível para a Colônia e trazer notícias de minha tia.
- Sei o que lhe espera, Helin, mas não posso revelar-lhe. O Grande Lago está mudado, assim como todos que lá vivem. Aconselho que leve alguém com você até o Desfiladeiro de Beltas, embora ele já esteja bem perto. Não é bom viajar sozinho por Arcarth e Dornath hoje em dia, mesmo um elfo importante como você. Sugiro que vá acompanhado de um de meus filhos. Eles o ajudarão. - Haniraë acenou para um elfo parecido com ele, com um rosto belo, porém marcado com uma cicatriz na testa. - Este é Sinaanrel, meu filho mais velho. Ele o acompanhará, se você permitir.
Sinaanrel fez reverência, cumprimentou Helin em seu idioma e disse:
- Ficaria honrado em acompanhá-lo, Helin de Niarath. Levarei meu arco para lhe proteger.
- Agradeço sua ajuda e permito que me acompanhe. Embora sinto que não preciso de tanta proteção. - disse Helin, um pouco ofendido.
Sinaanrel sorriu. - Vou me preparar então. Com licença. - o elfo se virou e saiu, sumindo entre as árvores. Helin continuou a apreciar a floresta por toda a tarde. Caminhou nas trilhas floridas, cantou com os filhos de Sinaarth ao som das harpas e quando caiu a noite, foi chamado por Haniraë.
- Helin, eu e minha Senhora queremos lhe oferecer um presente. - Sinaanrel apareceu, trazendo um manto negro com um lindo broche enfeitado com diamantes. - Este é o manto de Sinaarth, tecido pelos mais habilidosos elfos de Sornath. Ele servirá para muitas coisas, caso se depare com o perigo. Aprenda a usá-lo quando for chegada a hora.
Helin dormiu tranqüilamente, como nunca dormiu antes. Estava nos domínios da Estrela Perdida e sentia-se seguro. Pela manhã, quando os raios do sol começavam a bater nas copas das árvores, partiu com Sinaanrel rumo ao Desfiladeiro de Beltas. A viagem duraria mais um dia se não houvesse nenhum transtorno e a estrada era calma e limpa.

Ao meio dia, os dois elfos viajantes pararam e comeram um pouco, descansaram e se lavaram no rio Beltas. Até agora Helin não tinha visto nenhum sinal de forças estranhas, como Sinaarth dissera na noite anterior. Tudo parecia calmo e tranqüilo. As águas de Beltas corriam pacificamente, peixes nadavam e belas flores marinhas o enfeitavam. Inspirado pela beleza daquele lugar, Helin começou a cantar uma música sobre Gerad, seu pai, quando ele viu pela primeira vez as águas do Rio Sondimë, que corta Sorarth do Norte. Sinaanrel, reconhecendo a melodia, começou a cantar também, mostrando sua bela voz. Quando eles terminaram, montaram seus cavalos e prosseguiram.
- Seria uma honra conhecer Gerad, assim como é uma honra viajar com o filho dele. Seu pai tem sido muito sábio e poderoso, guardando um tesouro tão importante como a Espada Niarath. Ele não teme a invasão do Escuro? - perguntou Sinaanrel.
Helin pensou por um pouco e respondeu:
- Sim, meu pai teme ao Escuro assim como todos os elfos da Grande Floresta. Não é mais seguro viajar por aí e a tristeza não se limita às Terras de Inthar e Karnak-tan. As Ilhas também sofrem com esse mal.
- Chegou a conhecer Namiarë? Eu a vi algumas vezes, passeando pelas Cachoeiras Azuis. Não visitava muito a Floresta Yáris, o que deixava meu pai muito ofendido. Ele sempre a achou uma grande guerreira e diz que ela seria uma grande convidada. - disse Sinaanrel.
Helin sorriu:
- Não, não a conheci. Ela já havia morrido quando fui concebido. Só meu pai conviveu com ela, assim como minha tia. Por isso quero ir ao Grande Lago. Quero saber se minha Mimerath sabe de algo sobre Namiarë...
- Não duvido que encontrará respostas. Mimerath é muito sábia, e vive nessas terras a muitas eras. Ninguém sabe ao certo sua idade. - disse Sinaanrel.
Continuaram conversando até o pôr-do-sol, quando pararam novamente nas colinas próximas à Floresta Beltas.
- Aqui estamos. Mais duas horas e chegaremos no Desfiladeiro, se apertarmos o passo. Uma pena não termos nenhuma embarcação, pois bastaríamos atravessar a Baía de Andalin e chegaríamos no Grande Lago. - disse Helin, descendo do cavalo. - Ainda tenho mais dois dias de viagem até os Portos de Andalin...
- Quando chegar em Andalin tenha cuidado. Muitas pessoas estranhas viajam por aquele lugar. - disse Sinaanrel.
Helin olhou o horizonte: águias voavam de longe, o desfiladeiro parecia estar submerso em uma sombra sem fim. Sentiu algo estranho dentro de seu coração. Ficou um pouco tonto e ao fechar os olhos, uma sombra invadiu sua mente. Via a espada de Niarath sendo tomada por uma energia escura. Dois olhos brancos e luminosos o encararam por um tempo e pareceu que toda a terra tremia sob seus pés. Gritos eram ouvidos. A Sombra começou a aproximar-se do elfo enquanto ele retirava sua espada vigorosamente. Seu pesadelo foi interrompido pela voz aflita de Sinaanrel.
- Helin! Helin! Acorde, você está bem? - gritou o elfo com seus cabelos negros esvoaçando ao vento forte. Helin abriu os olhos, ainda confuso.
- Acabo de ter uma visão. - sentiu-se surpreso. Se sua mente não o tiver pregado uma peça, teria visto um possível acontecimento. Uma fraqueza tomou conta de seu corpo e se não houvesse Sinaanrel para segurá-lo, Helin estaria caído no chão, sem conseguir se levantar. - Nunca tive isso antes. É um privilégio de apenas elfos mais sábios. Provavelmente não passa de minha imaginação criando coisas.
- O que você viu? - perguntou Sinaanrel ajudando Helin a sentar-se.
O elfo parou. Como explicar o que vira? - Eu vi...uma sombra. E ela se apoderava de Niarath e sua força se intensificava. Não sei dizer se era algum homem ou se era apenas uma sombra.
- Poderia ser um elfo? - perguntou Sinaanrel.
- Não sei. Nunca imaginaria um elfo daquele jeito. Era maligno demais. - Helin tremia. Aquela visão o atormentara, e agora não conseguia pensar direito. Se seu pai tivesse compartilhado aquela visão, com certeza saberia se ela fosse verdadeira ou não.
Sinaanrel, percebendo a situação do amigo elfo, pegou a garrafa de tenrain e ofereceu a ele. Sentou-se no chão rochoso e esperou Helin se recuperar. - Os elfos de Niarath são muito sensíveis, acabo de concluir. - Helin lançou-lhe um olhar agudo. - Não me olhe assim! Só estou tentando deixar as coisas menos...sérias.
Helin sorriu sarcasticamente. - Já bastam essas malditas sombras! Não preciso que um elfo estranho como você me diga como eu sou. - Fingindo ter se recuperado, Helin levantou-se de uma vez, apoiando-se em Vivent. - Vamos agora, caro elfo. Minhas forças já voltaram. - e subiu de mau jeito no cavalo.
Sinaanrel riu e subiu no seu cavalo negro. - Claro, como desejar.
Cavalgaram em passo lento, respeitando a fraqueza de Helin e depois de três horas e meia chegaram no Desfiladeiro de Beltas. A lua brilhava avermelhada, não havia estrelas no céu. As pedras pontiagudas cortavam com facilidade, como espadas afiadas. O lugar cheirava a sangue e a morte. Sinaanrel parou surpreso ao ver o que havia em meio a cadáveres de dragões. Helin apareceu logo atrás, boquiaberto.
- O que aconteceu aqui? - disse Helin, descendo do cavalo e examinando de perto os corpos de pessoas mortas no chão. Já estava escuro e eles caminhavam com dificuldade sob as pedras pontiagudas e afiadas.
O rosto de Sinaanrel ficou sombrio e sério. - Isso aconteceu na noite passada. Esta era uma caravana que fugia de Karnak-tan, mas não conseguiram chegar onde queriam. Está vendo o escuro vermelho dos soldados? É a marca do Reino de Karnak. Dragões os atacaram.
- Dragões? Mas não existem dragões nos limites de Dornath! Eles são vistos apenas na Ilha dos Dragões, e raramente, em Aaria! - gritou Helin tristemente.
- Não são dragões normais. Foram todos tomados pelo Escuro. - respondeu Sinaanrel, aterrorizado com o genocídio. - Eram apenas fugitivos do Escuro... Seu rei deve estar entre os mortos...
Helin não conteve as lágrimas. Ajoelhou-se e murmurou algo em sua língua. Abriu uma de suas mãos e misteriosamente havia uma flor branca, Nianth, que nascia nos campos de Niarath. Assoprou suas pétalas sobre os corpos dos mortos e levantou-se. Houve um momento de silêncio. Sinaanrel ia dizer algo, mas Helin o interrompeu.
- Está ouvindo isso? - perguntou o elfo. Sinaanrel silenciou-se e olhou para o oeste. Uma grande sombra alada cortava os céus, rugindo ferozmente. Helin observou as chamas vermelhas lançadas pelo animal e gritou.
- É um dragão! Corra, Helin, ele deve ter sobrevivido! - gritou Sinaanrel. Os dois elfos montaram em seus cavalos e saíram em disparada. O grande dragão vermelho rugia e lançava labaredas de fogo ardente, correndo atrás dos elfos. Helin corria como nunca correu antes.
- Helin, esconda-se de trás daquelas rochas, eu vou pela direita e tentar despistá-lo! - gritou Sinaanrel. O elfo obedeceu e jogou-se atrás das rochas afiadas, enquanto Sinaanrel correu para a direita. O dragão parou e pousou. Cuspiu um pouco de fogo e olhou para os lados. Helin desceu do cavalo, murmurou algo e Vivent correu para um lugar seguro. O silêncio tomava conta do lugar. O dragão andou lentamente para a direção de Helin e mexia suas asas desajeitadamente. Encaixou sua cabeça grande entre as rochas e o elfo se abaixou ao lado, onde os olhos amarelos daquela criatura não o alcançassem. Sentiu o bafo pútrido do dragão ao seu lado e a fumaça quente saía de suas narinas. Helin aproveitou o momento e saiu lentamente, engatinhando entre as pontiagudas rochas. Atrás do dragão estava Sinaanrel, apontando seu arco para a cabeça do animal.
- Dragão estúpido...não sabe onde enfia o nariz. - murmurou Sinaanrel. O dragão, percebendo uma presença atrás dele, tentou se virar, mas sua cabeça grande ficou presa entre as rochas. Sinaanrel atirou duas flechas que acertaram em cheio na cabeça do dragão. Helin apareceu um pouco acima do animal, em cima das pedras altas. Retirou sua espada e saltou em direção ao pescoço do dragão, cravando a lâmina afiada na pele dura como a de um javali. O dragão rugiu de dor, sem poder fazer nada e soltava enormes labaredas de fogo. Helin correu para Sinaanrel, que atirava mais flechas.
- Minhas flechas não vão servir muito. Precisamos atingir seu coração ou feri-lo em outro lugar vulnerável. - disse Sinaanrel. Helin olhou para o dragão debatente e avançou sobre ele. Num golpe certeiro, usando todas as suas forças, cortou a cabeça do animal. Encharcado do sangue escuro e fedido, Helin gemeu e agachou para pegar a espada no chão.
Sinaanrel riu de Helin e o ajudou a levantar-se. - Eu disse que os elfos de Niarath eram sensíveis. Vamos procurar um rio por perto e sair logo daqui. Pode ser que outro dragão apareça e então não conseguiremos vence-lo.

Depois de se lavar e de suas roupas secarem, Helin vestiu-se procurava Vivent. Sinaanrel acabava de voltar com os dois cavalos perdidos e com algumas ervas.
- Estas são ervas santas. Seria bom guardá-las, caso nos ferirmos. Elas têm um grande poder de cura, além de ser útil contra criaturas assombrosas. O aroma dessa erva espanta animais e homens maus. - disse Sinaanrel. Helin pegou umas mudas da erva e sentiu seu aroma limpo e fresco como a floresta.
- É muito sábio, Sinaanrel. Sabe muito bem sobre cura, além de ter muita paciência. Onde conseguiu achar essas ervas? Não há muito mato por aqui. Deve ter ido longe. - disse Helin, devolvendo as plantas para Sinaanrel.
- Há um pequeno campo atrás daquelas pedreiras, descendo as rochas altas. Lá também corre um riacho, com alguns peixes. Mas deixemos de conversa e avancemos. Não podemos descansar aqui, só depois que sairmos do desfiladeiro. Receio que terá que aturar minha companhia até os Portos de Andalin, nobre elfo, pois não me sentiria seguro em deixá-lo aqui sem proteção, enquanto dragões desgovernados sobrevoam essas regiões.
Helin olhou-o com censura, sabendo que o elfo fizera aquele comentário apenas para deixá-lo com raiva. Não precisava de proteção, tinha acabado de matar um dragão e não teria problemas em matar outro. Em silêncio, montou Vivent e seguiu caminho na margem do rio, seguido por Sinaanrel.
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