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Artigos-->Morre o jornalista Ari Cunha -- 31/07/2018 - 12:33 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos






Pioneiro da notícia



Ari Cunha (1927 - 2018)







O jornalista, colunista e vice-presidente institucional do Correio Braziliense, Ari Cunha, morreu durante a madrugada desta terça-feira (31/7), aos 91 anos. Segundo uma das filhas do jornalista, Circe, Ari Cunha faleceu em casa após sofrer falência múltipla de órgãos devido à idade e às condições de saúde. O velório está previsto para a manhã desta quarta-feira (1°/8) e o sepultamento, para as 17h, no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul. Em nota, o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, lamentou a morte de Ari Cunha e decretou luto oficial de três dias.



Pioneiro da notícia, Ari Cunha acompanhou a rotina e lutou por uma capital melhor por 58 anos na coluna Visto, lido e ouvido, primeiramente no jornal impresso e depois em um blog na internet. É, provavelmente, a coluna mais longeva da imprensa brasileira. Ao longo dos anos, o instrumento serviu para defender, provocar e inspirar moradores e governantes da capital brasileira.



Filho de Eva e Raimundo Gomes de Pontes Cunha, José de Arimathéa Gomes Cunha nasceu em 22 de julho de 1927, na cidade cearense de Mondubim. Ele descobriu ainda criança a habilidade para a escrita e para a notícia. Aos 16 anos, em 1944, foi contratado como revisor da Gazeta de Notícias, de Fortaleza, e, depois, trabalhou no jornal Estado.



A bordo de um navio, deixou a Região Nordeste em 1948 em direção ao Rio de Janeiro, onde começou carreira no Bureau Interestadual de Imprensa e no International News Service. Por muito tempo, escreveu a crônica política para vários jornais representados pelo escritório. Trabalhou com Carlos Lacerda, Joel Silveira, Heráclito Sales, Paula Job, Prudente de Moraes Neto, Etiene Arregui Filho, Irineu Sousa e outros destacados jornalistas da época.





 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 


 




Missão com o Correio Braziliense



A experiência na cobertura também valeu a convivência com políticos de peso, como João Mangabeira, Luiz Viana Filho, Café Filho, José Bonifácio de Andrada, Bias Fortes, Israel Pinheiro, Juscelino Kubitschek. 



Contratado pela New Press, chefiou a redação em São Paulo durante 10 anos, antes de se transferir para o Última Hora, ao lado de Josimar Moreira de Melo e Samuel Wainer, onde desenvolveu o conhecimento da parte técnica de jornais. Em julho de 1959, passou a fazer parte dos Diários Associados, ajudado pelo amigo Paulo Cabral e contratado por Edilson Cid Varela, gerente do periódico O Jornal. A Ari Cunha foi confiada a reforma da Folha de Goiaz, em Goiânia, onde permaneceu até setembro.



Uma vez na Região Centro-Oeste, a ele foi incumbida a missão de vir a Brasília para estabelecer na nova capital o Correio Braziliense e a TV Brasília. Em 1981, Ari Cunha foi eleito condômino dos Diários Associados. Além da vida intensa na imprensa, ele investiu na vida pública. Em 1961, presidiu a Comissão de Incentivo à Iniciativa Privada, ligada diretamente ao gabinete do então prefeito de Brasília, Paulo de Tarso Santos, ao tempo de Jânio Quadros na Presidência da República. 



Entre 1986 e 1987, atuou como vice e presidente do Banco Regional de Brasília (BRB), durante o governo de José Aparecido de Oliveira. Em 1990, assumiu o cargo de vice-presidente dos Diários Associados, cargo que ocupava até hoje. Do casamento com a professora de enfermagem Maria de Lourdes Lopes Cunha, o jornalista teve quatro filhos: Ari, Eliana, Raimundo e Circe.







Homenagens



 










Ari recebe do então presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Coqueijo Costa, a Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho, em solenidade no salão nobre do TST





“Com tristeza recebi a notícia do falecimento do jornalista Ari Cunha, diretor do Correio Braziliense, um dos pioneiros de Brasília e cuja vida se confunde com a história de nossa Capital.



Brasília encontrou um veículo de imprensa impregnado da ousadia de JK no Correio Braziliense que contou, em sua brilhante existência, com o espírito desbravador e criativo do repórter Ari Cunha. Minha solidariedade à família, aos amigos do Correio Braziliense e aos Diários Associados”



Michel Temer, presidente da República



“Chegou aqui cedo e construiu-se como profissional e ser humano com a própria construção da cidade. Ainda menino, aprendi, com a leitura diária de sua coluna por meu pai, que a política é o caminho para ajudarmos as pessoas. Brasília, Ari Cunha e o jornal confundiram-se com o nosso cotidiano. Quem quiser escrever sobre a história da cidade certamente se inspirará nas suas colunas para refletir, com exatidão, sobre a nossa vida política, econômica e social”, lamentou.



 



Rodrigo Rollemberg, governador do Distrito Federal



“Nossos sentimentos e condolências aos familiares e amigos, e a certeza que Ari Cunha fica eternizado e será lembrado agora e nas próximas gerações como aquele homem que se dedicou de corpo e alma na construção e consolidação da capital da esperança.”



Rogério Rosso, deputado federal



“Ari Cunha foi uma referência no jornalismo brasiliense por seu pioneirismo, conduzindo o mais importante jornal da capital federal, sempre de maneira intransigente na defesa da liberdade de expressão e na divulgação  correta e precisa das informações para os leitores”



Torquato Jardim, ministro da Justiça



“Peço que Deus conforte os corações de todos os familiares e amigos neste momento de grande dor. Deixo minhas sinceras condolências”



Eunício Oliveira, presidente do Congresso Nacional



“Vai fazer falta para nós. Como pessoa, ele foi extraordinário, um contador de ‘causos’, bem-humorado, de bem com a vida. Certamente, a família vai sentir muito, e nós sentiremos a ausência do bom companheiro, apaixonado por Brasília, pelo Correio, que tanto nos inspirou.”



Paulo César Marques, diretor Comercial do Correio Braziliense



“Ele chegava cedo à redação e ia conversar com o chefe de reportagem e com os repórteres. Tinha sensibilidade. Fará falta. Entrou para a história do jornalismo de Brasília. Descanse em paz.”



Kleber Sampaio, jornalista do Sindicato do Comércio Varejista do DF (Sindivarejista), amigo e ex-colega de trabalho



“Ele foi um pioneiro nato e de inegável expressão. Um homem respeitado por todos e admirado por muitos. Como jornalista, teve papel ímpar na defesa da liberdade de expressão.”



Edson de Castro, presidente do Sindivarejista



“Nesses nossos 50 anos de amizade, temos uma relação de cordialidade com sua família e lamentamos profundamente essa perda de Brasília e do Brasil.”



Adelmir Santana, presidente da Fecomércio-DF







Ao mestre com carinho



 










Material feito em homenagem a Ari Cunha pelo Correio Braziliense, lembrando seu pioneirismo na capital do país





O humor parece ter nascido com ele. O jornalismo, também. O resultado dessa junção sai da boca, com frases incríveis. E sai dos dedos — disse ele, certa vez que decidiu escrever para dar-lhes asas. Talvez por isso seja o colunista mais longevo do país, creio eu, com espaço cativo há 57 anos. Estou falando de Ari Cunha, cearense, frasista, cronista da história política do país, titular da coluna Visto, Lido e Ouvido, publicada no Correio Braziliense. Também estou falando de um amigo. Ontem, ele fez 90 anos e eu tenho o privilégio de conviver com ele mais de perto nos últimos 15 anos. É uma lição atrás da outra.



A risada, a galhardia, a gentileza, o conhecimento sobre Brasília, as figuras da cidade, o amor pelo Nordeste, o jeito de tocar um jornal que nasceu com a cidade. Tudo isso eu tive a sorte de absorver nas longas, produtivas e divertidas conversas. Discutimos também, até sobre machismo, às vezes de forma acalorada, o que só melhorou nossa convivência. Nosso repertório particular soa como trilha sonora de uma amizade leal e cheia de ensinamentos. Levarei sempre comigo.



Ari Cunha, que nasceu José de Arimathéa Gomes Cunha em 22 de julho de 1927, na cidade cearense de Mondubim, saiu do Nordeste rumo ao Rio de Janeiro em 1948. Ali, desbravou o mundo da notícia, especialmente a crônica política brasileira. Trabalhou com Carlos Lacerda, Joel Silveira, Heráclito Sales, Paula Job, Prudente de Moraes Neto, Etiene Arregui Filho, Irineu Sousa e outros destacados jornalistas da época. Até que veio desbravar Brasília.



Cumprindo a promessa de Assis Chateaubriand a Juscelino Kubitschek de trazer os Diários Associados para Brasília, na inauguração da cidade, Ari veio escolher o terreno e acompanhar a instalação do Correio e da TV Brasília. Morou em um acampamento de madeira. Viu de perto cada tijolo do edifício que abrigaria as redações dos dois veículos de comunicação ser colocado. Na parede da sala dele está uma foto histórica no terreno. Ari é pioneiro de Brasília e deste jornal.



Com suas críticas afiadas, incomodou muita gente. “Era um incitador; hoje, sou um bombeiro”, passou a dizer depois dos 80 anos. Mas continua fazendo da sátira sua melhor ferramenta para enfrentar a vida, seus dissabores e até seus desafetos, que hoje já nem importam. Certa vez, disse-me sobre um deles: “Esse moço não tem entranhas. Ande com ele, mas não coma a lavagem desse porco”.



Levei a ferro e fogo boa parte dos seus conselhos porque, se há uma coisa que Ari Cunha conhece, é gente. Sabe esquadrinhar o sujeito, suas nuances e entrelinhas. É perspicaz e astucioso na observação do ser humano. Esperta que sou, escolhi ficar sempre por perto dele para aprender também. Para mim, Ari é e será sempre um mestre.



*Artigo originalmente publicado em 23 de julho de 2017.







Lembranças de família



 







Ari Cunha respirava jornalismo. A música, a culinária, as viagens, os amigos e a família eram o combustível que o moviam. Dentro e fora de casa, conseguia agregar a todos com respeito, disciplina e delicadeza. Acordava os netos, um a um, ao som de My way, cantado por Frank Sinatra. Fazia isso de um jeito que marcou a todos. “Ele tinha um ritual. Gostava que a gente acordasse, lavasse o rosto, escovasse os dentes. Então, acendia a luz e entrava no quarto cantarolando My way, mas sem a letra, só no ‘dum, dum, dum, dum, dum, dum, dum, dum, dum, dum…’, relembra o neto Fabiano Ari Cunha de Andrade, 33 anos jornalista. 

 






Imagem:Antonio Cunha/Esp. CB/D.A Press 





Ari Cunha, um dos personagens mais marcantes da história de Brasília e do Correio Braziliense, morreu às 3h30 da manhã desta terça-feira (31/7), em casa, ao lado da família. Tinha quatro filhos, 12 netos e nove bisnetos. O jornalista, colunista e vice-presidente institucional do Correio tinha 91 anos, recém-completados em 22 de julho. Era viúvo de Maria de Lourdes Lopes Cunha.



Nas lembranças da jornalista Circe Cunha, filha de Ari, estão marcados episódios como os momentos em que ela e a mãe tocavam clássicos de Frédéric Chopin e Ludwig van Beethoven e Ari Cunha intervinha com bom humor: “Toca um xaxado, minha filha!”. “Quando minha mãe se esquecia de um trecho de qualquer letra, ele ditava e ela cantava. Meu pai conhecia todo o repertório de Ataulfo Alves, do Adoniran Barbosa. Houve um período, quando os problemas de saúde começaram a se agravar, em que a gente colocava Trem das onze(Demônios da Garoa) e parava a música. Então ele continuava cantando e sabíamos que estava tudo bem.” 



Sempre tinha tempo para uma boa prosa. A gastronomia, uma paixão, incluía pratos elaborados e populares: lagosta ao vinho branco, baião de dois e chambaril, um corte bovino muito apreciado especialmente no Nordeste. “Ele amava cozinhar. E conseguia reunir a família todos os domingos, de forma impressionante!”, conta Circe. 



No quarto do jornalista, um imenso mapa-mundi revelava outra predileção: as viagens. Sobre cada canto do planeta visitado, ele fazia uma marca a caneta. O professor João Andrade, 30 anos, neto de Ari, fala sobre dois aspectos marcantes do avô sobre a sua vida: o fato de ter crescido sendo apontado como o ‘neto do Ari’ e a cumplicidade entre os dois. “Às vezes, nas rodas de conversa alguém começava a contar uma vantagem, a gente se entreolhava e não precisava dizer uma palavra, a gente se entendia”, resume. 



O fato de ter crescido sendo apontado como o ‘neto do Ari’, até mesmo por guardadores de carro nos estacionamentos de supermercados, foi algo marcante na vida de João. “À medida em que fui crescendo, passei a pensar sobre isso. E me intrigava, como alguém conseguia tanto respeito? Às vezes, em casa, ele chamava e a gente respondia: O que é?’ e ele de lá complementava: ‘Senhor’. Essa coisa do respeito, ele prezava muito”, destaca João.



Desbravador do jornalismo candango, estava firme e trabalhando na capital durante inauguração de Brasília. Ao lado de Assis Chateaubriand, abriu as portas do Correio, hoje um dos principais grupos de comunicação do país.



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