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Cronicas-->De cabeça pra baixo -- 16/12/2002 - 17:46 (Javier Martínez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Pode parecer ficção científica, há dois dias comecei a viver uma história diferente. O mundo está de cabeça para abaixo.

Sai de casa e o presidente estava pedindo esmola no sinal fechado. A imprensa falando a verdade com o titular: "O mundo está de cabeça para baixo". O dono da loja da esquina estava passando a vassoura, enquanto seu empregado tomava conta das finanças.

Cheguei ao trabalho e meu chefe, vestindo preto e branco, me ofereceu um café, enquanto recebia ordens do garçom. A minha sala, que até o dia anterior estava no segundo andar, estava no segundo subsolo.

Alguma coisa estava errada, comecei a passar mal e pedi um par de dias de férias. Peguei o carro e parei no primeiro caixa eletrónico, para minha surpresa a conta estava estourando de dinheiro.

Decidi viajar para conhecer os Estados Unidos. Liguei para a embaixada e me informaram que não precisava de visto para viajar. Fui, então, até o aeroporto e duas pessoas na minha frente comentavam que era sempre desagradável ter que viajar para o terceiro mundo. No balcão de atendimento o dono do aeroporto sorria e tentava agradar botando as malas na guia que as conduzia até o interior do aeroporto.

Cheguei à pobreza extrema do país mais infeliz do planeta. Todos me receberam em português. Foi até um shopping pouco sofisticado (conhecido nesse país como centro comercial) para comprar umas lembranças para minha família. Só haviam produtos brasileiros, nada "culturalmente americano", nada autóctone, nada folclórico. Pouco para ver e fome para preencher, procurei um fast food (conhecido como comidas rápidas), o prato do dia era: "carne de sol com feijão tropeiro".

Senti nojo daquele lugar. Uma falta total de identidade. Uma vergonha sem cultura própria. Deixei o centro comercial e fui até o aeroporto, o motorista de táxi falava português com um sotaque estúpido a demonstrar submissão. A família dele tinha viajado para o Brasil para tentar sorte. Sua mãe era empregada doméstica no Amapá e ele pensava ir no ano seguinte. Obviamente, entraria de forma clandestina pela fronteira da Venezuela.

Uma vez no aeroporto, mostraram-me um roteiro para conhecer as belezas (extintas) da Amazónia, reproduzida de maneira fiel em Tocantins. Agradeci, mas voltei para casa, Brasília. Os controles no aeroporto eram absurdos. O Brasil tinha sofrido atentados terroristas e a pressão tinha chegado ao extremo.

A minha casa tinha algumas coisas a mais: piscina, sauna, quadras de tênis e de beisebol. Pode parecer ficção científica, mas vivi uma história diferente. O mundo estava de cabeça para baixo. Vou dormir, talvez amanhã, consiga despertar.
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