Deus
Deus não está
No estrugir das ondas.
No cenário multicor
De um por de sol.
Deus não está
Na estrela vespertina,
Na gota de orvalho,
Na rosa em botão.
Assim Ele se reflete,
Se anuncia, em beleza.
Deus está em mim,
No meu sentir profundo,
Nas minhas penas,
Nos meus anseios,
Nos meus amores,
Usa meus braços,
Caminha nos meus passos,
Amolda meus lábios
Em Suas palavras.
Se O busco, mansinho,
Em arrulhos de amor,
É calor, È carinho,
De inefável dulçor.
Somos um, o Pai e eu,
Depositário de Sua Gloria:
Ânfora mesquinha,
De barro mal cozido,
Eu trago no peito, escondido,
O vinho do Sangue Seu.
E que importa
O estrugir das ondas,
A estrela matutina,
Se O mantenho na retina
Dos humildes olhos meus?
O sopro de minha vida
Em minh’alma fez guarida,
Partindo dos lábios Seus.
E sigo minha jornada
Tendo a mente alertada
Na ânsia de bem servi-Lo.
Nos percalços do caminho
Vou rezando bem baixinho
Sem saber se posso ouvi-Lo.
Que me importa o Seu calar
Se para o rumo encontrar
A mim só basta senti-Lo?
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