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cronicas-->Aldeias... -- 17/12/2002 - 18:22 (cumpadri) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Vivemos todos, no máximo, em aldeias!

Não se enganem a vocês mesmos! As cidades são uma criação da nossa imaginação colectiva. Houve e há pessoas que, mergulhadas na sua pequenez, couraçam-se de miragens de grandeza, com o único propósito de negarem o seu valor ínfimo, ínfimo: em relação a tudo e a nada, pois são de valor ínfimo absoluto! O nascimento das cidades, na nossa imaginação colectiva, deve-se, sobretudo, a essas miragens! De forma semelhante, tentando negar a nossa pequenez absoluta, atribuímos valor infinito a coisas que, realmente, têm um valor desprezável. Fazem parte, desse mundo falacioso: o dinheiro, o poder, o domínio, a luxuria, os palácios e os palacetes, os carros e os carrinhos,..., todas estas coisas desviam-nos do que para nós é verdadeiramente importante e de valor descomunal: os nossos sentimentos, as nossas necessidades físicas e espirituais, a nossa família, os nossos amigos,..., tudo isto esquecemos, trocamos por miragens de grandeza! Tão mais pequenos e insignificantes nos tornámos, por causa desse esquecimento, dessa troca! Tenho pena, dos que não podem mais livrar-se dessa couraça, feita de miragens e grandezas falaciosas, estão condenados a ser eternamente cegos e a viver no deserto da grandiosidade, lugar em que nada tem, realmente, um valor considerável, onde se refugiaram da luz que lhes permitiria ver as Verdadeiras grandezas!

Vivo, no máximo, em aldeias!

Estas aldeias não são compostas de casas, onde habitam pessoas, mas de pessoas, onde habitam: a sua alma e o seu coração.

Nunca, consegui viver numa cidade de pessoas!

Sempre que à minha volta, se junta um número suficiente delas para formar algo maior que uma aldeia, não é uma cidade que se forma, mas uma multidão! Nessa coisa de conjunto, nunca me comportei doutra maneira, senão como estivesse numa aldeia. Enquanto membro de algumas multidões observei alguns dos que a constituíam, nunca, mas mesmo nunca, alguma dessas pessoas que observei, me pareceu fazer parte de uma cidade!...

Como conheço as pessoas, que formam as minhas aldeias, e quem nelas habita, a sua alma e o seu coração; bem sei que, em muitos casos, esse conhecimento não é o desejado e nem o necessário, mas também não é nulo!

Quantas aldeias conheci e conheço, em quantas vivi e vivo! Mas todas existem, apenas, em mim, fora do meu acolher são tão irreais como as cidades! Com o meu desaparecer, desaparecerão comigo! Talvez não, se tiver a quem levar a passear comigo por elas!

A necessidade de termos descendentes, não é apenas causada pelos desejos de: perpetuação dos nossos genes e ter alguém a quem deixar os nossos bens, mas, com certeza, também pelo anseio de as nossas aldeias não virem a perecerem connosco! Entre tantas outras coisas, esta é mais uma que nos diferencia dos outros animais. Esta entrega às gerações vindouras é mais importante que o legar-lhes qualquer fortuna material, visto que qualquer outro animal tem essa capacidade! Os animais selvagens legam aos seus todo o que possuem: os sítios onde vivem, as reservas de alimentos e de caça, os utensílios,..., note-se que: todas estas coisas têm um valor, unicamente, terreno. Não é o deixar uma herança material aos nossos que nos distingue dos outros animais, mas, sim, o passar o sítio e o conhecimento que possuímos das nossas aldeias!

Quando voam, até aos meus ouvidos, pássaros como: o suicídio e a eutanásia, choro pelas aldeias que se afundaram na falta de partilha, por fraqueza e egoísmo de quem a devia ter feito! Quantos, dos que sobrevivem a esses actos da fraqueza e do egoísmo, além de todo o resto que as pessoas que partem para o outro lado devido a essas doenças lhes poderiam ter oferecido, necessitaram, e ainda necessitam, dos ensinamentos que tal partilha lhes teria fornecido! Não acredito que estas palavras evitem essas atrocidades, mas tinha de deixar aqui, vincada, a minha ideia sobre elas.


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