BECO DA CAVEIRA
Escuro e estreito. O beco era de seixos pavimentado.
Nascido de casas altas, seguidas de pobres moradias.
Além, terrenos vagos, vedados por tapumes de farpado.
Muros de tijolos, eram raros naqueles antigos dias.
Pendurados nas cercas, ora-pro-nobis e são-caetano.
O muro de alvenaria : abrigo ideal da caveira.
Cabeça de mamão verde, dentro vela acesa crepitando,
A alumiar traços da face, talhados de tosca maneira.
No beco, a sorridente caveira aguardava impassiva,
A volta de Fortunata, Sá Galdina e outras beatas.
Escondida, a garotada esperava com expectativa,
O sobressalto das velhas, vindo a tagarelar em passeata.
As beatas morreram. A cidade findou por mudar.
Restaram poucas pessoas primevas e algumas lembranças.
Com as indústrias, eis o progresso e a sujeira no ar.
No topo do muro, brilham os pesadelos das velhas crianças. |