TERAPIA RIBEIRINHA
Corre o rio, vigoroso e resoluto, sempre a avançar,
Buliçoso, por pedras e quedas, em andanças lúdicas,
Forma redemoinhos e cachoeiras, ao jornadear.
Veste-se bem o "Velho Chico", de cascatas translúcidas,
Algumas frágeis, inda jovens.; outras com ar imponente.
Todas, com alegria, a espargir no ar sutis músicas.
Prepara a calmaria dos remansos, silenciosamente,
Para externar, na languidez da estadia sonolenta,
Espelho onde, nas tardes, o sol posa artisticamente.
Com grande generosidade, ribeirinhos alimenta.
Servindo cardápio sortido. Dá labor árduo e honrado.
Leva gaiolas e chatas, em seu costado sem tormentas.
Sem fazer distinção, contagia ao passar bem humorado.
Esbanja contentamento, bom ânimo e perseverança.
Deleitam-se em suas margens, o nativo e o convidado.
Em certos momentos, o rio deixa a hercúlea pujança,
Torna-se calmo.; faz-se amigo, companheiro e confidente.
Ouve, com paciência, lamentos, sonhos, muita esperança.
Toca melodia borbulhante, aos corações, docemente.
Nas corredeiras, lavam-se lágrimas, desenganos , dores,
Colhidos no viver, cristalizados n alma fortemente.
Um olhar contemplativo ao rio, é facho de luz e cores.
Energia cósmica, brota no âmago e se irradia
Na superfície líquida, tocando-a suave, sem rumores.
Qual ponte, nos raios de luz, amarguras em travessia,
Escoam, deslizam, nas ondas.; soltas a navegar,
Rio abaixo, levadas por correntezas em cantoria.
O pensador, liberto...em paz....vê seu fardo a descer pr o mar! |