Meses atrás, foram as charges publicadas em um jornal dinamarquês, consideradas ofensivas a Maomé, que provocaram uma onda de violência no mundo muçulmano. Agora, são as recentes declarações do Papa Bento XVI contra o Islã, na pessoa do seu Profeta. O que esperar dos seus seguidores a não ser uma grande reação de indignação? Partindo do chefe da Igreja, o pronunciamento do papa foi considerado “infeliz e irresponsável” pelos líderes muçulmanos, que prometeram ações violentas contra o Vaticano. Vai começar nova guerra entre os seus seguidores? Não basta o conflito milenar entre judeus e palestinos? A humanidade está cansada e entristecida com tantas guerras. As palavras proferidas pelo Papa foi uma ducha fria no ecumenismo, que ficou mais enfraquecido. Não deveríamos avaliar o conceito de uma escola pelas notas de um grupo de estudantes rebeldes, pois certamente incorreríamos num grande erro. As prisões de todos os países estão lotadas de assassinos, estupradores, terroristas e de todo tipo de malfeitores; certamente pessoas com várias crenças religiosas. Mas não há nenhuma razão para se associar a conduta destes crentes à sua religião, seja ela qual for. Do mesmo modo, não podemos julgar a Igreja Católica pelos erros ocorridos durante a Inquisição. Toda religião revelada provém do mesmo Deus e nenhuma delas pregou o ódio entre os povos. Pelo contrário. Moisés deixou os Dez Mandamentos, Jesús uma mensagem de amor e Maomé ensinou submissão à vontade de Deus. Os lamentáveis atos terroristas que vêm ocorrendo no Oriente Médio, praticados por um bando de fanáticos, denominados de “grupos islâmicos”, macularam a imagem do Islã e criaram uma falsa idéia da religião revelada pelo profeta árabe. Quem já leu o Alcorão verificou que, diferentemente do propalado, o Islã não prega a violência, mas a união; reconhece a unidade dos profetas e de Deus, louva Moisés e enaltece a figura de Jesús. O preconceito religioso é um dos males mais funestos e responsáveis pelas chamadas “guerras santas” praticadas em nome de Deus. Agindo assim, a paz vai se tornando um sonho cada vez mais distante, e mais sofrimentos advirão sobre a humanidade; até que os homens compreendam que somos um só povo, que só existe um Deus e que a Sua religião é uma só. Neste contexto, é bom relembrar que Moisés, Jesús e Maomé são raízes de um mesmo tronco. O filho de Abraão com a sua escrava egípcia Agar, chamado de Ismael, foi o pai dos árabes, de cuja linhagem descendeu o Profeta Maomé. O seu segundo filho, com a sua esposa Sara, chamava-se Isaac, que gerou Jacó; o pai das doze tribos de Israel. Destas, a de Levi e a de Judá, descenderam, respectivamente, Moisés e Jesus. Assim os descendentes destas linhagens são uma só família, um só povo. Certamente que aqueles três Mensageiros de Deus não aprovariam o que está ocorrendo em nome da religião. Como bem disse um sábio persa - ‘Abdu-l Bahá - “se a religião for motivo de guerras e sofrimento, a sua inexistência seria um ato meritorioso”.
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