Calígula, não aquele que vocês conhecem, mora na minha rua. A rua, habitada por gente boa, com coleta de lixo diária e bem iluminada, seria uma boa rua não fosse a presença de Calígula.
Não há viva alma, na minha rua, que não queira a caveira desse personagem: agrado que a ele se faça não o agrada; e qualquer gesto dele não nos comove.
Calígula, que nunca demonstrou o mínimo de decência desde que se conhece por cachorro, não poupou sequer a irmã, foi o que me disse seu antigo dono. Aproveitando-se do primeiro cio da “mana” e de um descuido do caseiro, o cretino tornou-se pai de dois sobrinhos.
E sendo a cadelinha mãe, logo mostrou as garras, e, antes que completassem um mês, sem mais nem porquê, matou as crias.
Não é à toa que leva na coleira o nome de Medéia.
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