Demência
22/08/2003
Enlouqueci! Sim, fiquei louca, demente,
De tanto bailar, voar, nas franjas do anseio.;
De alçar a mente em asas, no desenfreio
Do ritmo vão dos braços da Lua Clemente!
Sim! Algemem a minh’alma murcha, doente.;
Enclausurem-na, lá no alto dum Mosteiro,
Em grades frias, num vidro tosco e trigueiro...
Num quarto branco, sem janelas pró Poente!
Que parem já os sinos do Campanário,
Que ecoam, funestos, fieis, na mente agitada!
Que ardam os livros sacros, do meu santuário!
Não mais! Ah! Paro esta infeliz resistência
Ao sono eterno, e digo, à alvorada,
Que, agora, findo cônscia, nesta demência...
|