A Terra e o Mar
15/08/2003
Os olhos da Terra estavam marejados,
pela chuva duma tempestade outonal!
Triste, o céu cobriu-se de ébano infernal,
Com um xale rendado de bravos morgados.
Levanta-se o Deus Mar, Imponente e Severo,
Bradando furiosas e vagas palavras !
E a Terra, mui Senhoril, responde com lavras
de versos suados, num tom ríspido, austero :
- Quem és tu, Ó Mar Bravio, que vens molestar,
Sem Dó nem Piedade, o meu choro mais sentido.;
Que me esqueces no Inverno mais ressequido,
No frio das rugas do lençol do teu deitar?
- Quem és tu, que chegas envolvente e despótico,
Nestes meus braços, neste meu ventre esquecido.;
Quem és tu, Ó Mar do meu Fado enternecido,
Onde deitas prazeres,... e o deixas caótico?
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