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Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->Charlie Chaplin: personagem da humanidade -- 09/06/2004 - 03:12 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ao telefone, a articulista ouviu que eu era mesmo fã de carteirinha do Charlie Chaplin. Queria que eu desse a minha opinião sobre mitos. A matéria tinha por gancho a estréia, na cidade, do filme de Walter Salles sobre Ernesto, que depois viria a ser o Che Guevara. E eu bem teria preferido opinar por escrito, pois é difícil crer que ruídos não venham a alterar o teor informativo do que, na outra ponta, já chega sem saliva.

Invoquei Pessoa: "O mito é o nada que é tudo". E citei Handke, para quem Kafka deixou de ser apenas um escritor, para se transformar – como talvez só um outro grande artista no século XX, Charlie Chaplin – num personagem da humanidade.

Sim, sou fã de Chaplin, mas gosto de me ver como um promíscuo da cinefilia, exposto a contágios diversos, atiçado pela convivência com casos ainda mais graves: Caçulinha, Bruno Moraes ou Henrique Punk [três grandes conhecedores do cinema, hoje trabalhando no ramo da locação de filmes]. Gosto tanto de Chaplin como de Kubrick, Herzog, Wenders, Fassbinder, Schlöndorf, Ozu, Kurosawa, Tarantino, Scorsese, Francis & Sofia Coppola, os irmãos Coen, David Lynch, Robert Altman, Clint Eastwood, Glauber, Sganzerla, Zé do Caixão, Beto Brant, Walter Lima Jr., Anselmo Duarte, Walter Salles, enfim, uma lista que não terminaria tão cedo. Gosto de cinema. Mas prefiro o cinema de produção, não o de consumo. Ou então, como diria Décio Pignatari: às vezes, raro em raro, o "produssumo". Spielberg, por exemplo.

Ao lado da Catedral, em Sorocaba, havia o prédio da Ação Católica, onde nós, coroinhas, impenitentemente nos expúnhamos a todos os riscos. Inclusive ao de assistir, escondidos, aos filmes japoneses (já não me recordo mais a que pretexto), aos sábados, ou a peças de teatro proibidas (ah, delícia!) para a nossa idade.

Aos domingos, depois do catecismo, a matinê eletrizante: o Gordo e o Magro, Carlitos, Buster Keaton, desenhos, faroestes e, claro, os indefectíveis seriados.

Depois, alguém teve a idéia de projetar esse repertório numa das paredes do Prédio da Maçonaria, tirando proveito do mistério da ausência de janelas.

Sem os filmes, eu tremia só de olhar para aquele edifício, suas muitas estórias. Com os filmes, as ruas ao redor apinhadas de populares, meu medo se esvaía. Batia cartão ali defronte, como hoje sou devoto das sessões ao ar livre no estacionamento do Sesc.

Anos depois, na faculdade em Assis, entre outras atividades marcantes para a minha formação, fui encontrar um cineclube. Passei a ver e a debater o fundamental na história do cinema universal, e um cinema brasileiro que não era só Mazzaropi, nem apenas o esplendor ligeiro das chanchadas. E levei um susto sem tamanho: naquele panorama cult, Chaplin era um dos pilares da sétima arte.

Dentre as coisas que a articulista tentou recompor, de oitiva, ficou eu não saber se, hoje, as pessoas ainda achariam graça em Carlitos (há quem não admita filmes em p & b, por exemplo, quando eu os venero). Mas é impossível imaginar alguém que desconheça a sua silhueta.

Bengala, chapéu côco, roupas folgadas de palhaço, bigodinho, sobrancelhas espessas, olhar doce e tristonho, riso matreiro de quem sabe da vida, gestual cúmplice de toda infância, assim ele entronizou o homem comum no panteão dos grandes personagens da humanidade.

Eu ter aparecido nas fotos e como autor de opiniões na matéria de domingo, foi armadilha do acaso. Eu tinha escrito à Sílvia, editora do caderno Tô Ligado!, no jornal Tribuna Impressa de Araraquara, sobre o que tinha visto na recém-inaugurada Net Vídeo (a primeira na cidade com delivery): em layout belíssimo, duas caixas com os principais filmes de Chaplin remasterizados, em dvd, trazendo um cd especial com depoimentos dos grandes do cinema sobre o mestre do riso no silêncio.

Pois foi entre os filmes e as caixas que eu, generosamente recebido pelo proprietário e equipe, posei, no recinto da locadora, para a sensibilíssima Kris Tavares.

Eu poderia ter escrito sobre a emoção, duradoura, de ter visto "Diários de Motocicleta" (depois de ter escrito este texto, o Bruno Moraes definiu bem: "um filme de clima"), ou de ter ouvido o Zimbo Trio (sábado, no Teatro do Sesc). Só o baixista Luís Chaves não continua no trio, por problemas de saúde. O pianista Amilson Godoy e o baterista Rubinho são duas lendas vivas, pioneiros da música intrumental com tempero jazzístico, que é hoje o que temos de mais avançado no cenário musical brasileiro. Bom ter a música instrumental de volta, com a mesma casa lotada e os mesmos prolongados aplausos reconhecidos.

E já me preparo para uma outra volta, também no Sesc: a dos eventos literários. Como tantas outras cidades do mundo, Araraquara passa a festejar o dia mais famoso da literatura universal, o 16 de junho, na criação inexcedível de James Joyce. O nosso "Bloomsday" vai ser assunto do Oxouzine – e da cidade, eu espero – na próxima semana.

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Em tempo: saí muito bem nas fotos feitas por Kris Tavares. Ela é mesmo craque, pois eu, um cara até muito bem apessoado (hehehehe), não sou lá muito fotogênico.
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