"País tropical". E daí?! A tropicalidade deixou de ser uma vantagem quando veio o europeu, se dizendo civilizado. Ele levou nossos metais, para ornamentarem suas coroas; nossa madeira vermelha, para tingir seus tecidos; nosso açúcar, para adoçar sua culinária, enquanto os verdadeiros donos da terra tinham como único ornamento, ferimentos que lhes tingiam a pele n´um vermelho-sangue, amargando sua existência.
Para povoar a "nova terra", nos mandaram ladrões, assassinos, mercenários, mulheres discriminadas, e claro, a "Santa Madre Igreja" e sua missão catequética.
Por lucro, dizimaram uma raça. Em nome de Deus, destruíram uma cultura. Diga-me: quanto vale uma vida? De que Deus falavam estes homens? Perdoe-me pelas interrogações e a franqueza, mas não se paga por uma vida! E o meu Deus, assim como creio ser o seu, é a própria vida!
Depois dos índios, vieram os escravos negros, e em seguida, os brancos. Hoje somos nós, o proletariado, com muito orgulho! Somos a base da economia, enquanto os burgueses parasitam, simplesmente, como tem sido desde sempre.
Novamente, perdoe-me! Mas este grito não é somente meu. É seu! Nosso! Foi dos nossos pais e será dos nossos filhos, netos, isto é, se eles olharem em volta quando chegar sua vez. Agora é a nossa! Eu vejo. Sei que você também. Então por que fechar os olhos para uma realidade tão clara (e suja!) como esta? Tentar mudar cabe a nós, não somente jovens, mas cada um de nós, brasileiros, um povo batalhador, mas ainda tão manipulado pela comunicação, tão cheio de falsos ideais. Como querer um Brasil melhor, se as pessoas são induzidas a verem o que querem que vejam? Tudo bem! Nosso futebol é penta. Parabéns pra Seleção! Mas onde está a saúde, a alimentação, os livros das nossas crianças?!
O Brasil é naturalmente lindo. Faça-o lindo socialmente! Faça-o melhor!
Consciência, amigo!
16/08/02
Ana Rachel de Azevêdo
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