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Contos-->DO VIRTUAL AO REAL (ENCONTRO) -- 05/04/2003 - 21:07 (Luiz Antonio Barbosa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
DEPOIS DE UM ANO "TECLANDO" HAVERIA O ENCONTRO?

Resolvemos que nos veríamos, naquele instante. A agonia de um encontro não permitia mais que adiássemos, 500 km nos separavam, relâmpagos e trovões prometiam quebrar o encanto daquele encontro começado há um ano na Internet.

Desci do ônibus que parou em uma rodoviária que mais parecia uma guarita no meio do nada, relâmpagos clareavam um horizonte que eu não conhecia mostrando uma planície verde típica do interior paulista. Aconcheguei-me num banco, uma senhora descalça pediu-me algo de comer para a filhinha de colo, o livro de Drummond calado sobre a bagagem olhava pra mim. O guarda cochilava sentado numa cadeira inclinada, tinha os pés sobre uma mureta quebrada e o rosto caído ao peito e coberto por um velho chapéu de palha.

Liguei para o teu celular; você disse-me que chegaria em breve e temia que a chuva te apanhasse na estrada. Era quase manhã.

Você chegou 3 horas depois do último telefonema; olhou como se procurasse alguém; levantei-me e olhei nos teus olhos, era isso que eu sabia ter marcado da foto enviada por você depois de alguns dias de tecla. Você sorriu, tremi ao andar na direção do carro, trocamos um beijo tímido de namorados acanhados com vontade de que fosse mais intenso. Os raios tornaram-se mais intensos, começava uma chuva fina, ventava pouco.

Conversávamos em pausas, expectativas, coisas que sabíamos e não atrevíamos. A chuva barulhava no teto do carro dando a impressão de que o mundo acabaria em águas novamente; a cada clarão você diminuía a pressão no acelerador. Acariciando o seu braço tomo o volante para que descanse, entro por uma estradinha asfaltada, pensando encontrar um refúgio. O barulho de águas cresce, os olhares já são mais íntimos, você recosta-se em meu ombro; faço pose de super homem. Chove torrencialmente agora; o final da estrada e o que vemos agora, é algo espetacular que emudece-nos, temos os olhos fixados numa visão desmedida de beleza jamais presenciada: águas alvoroçadas despencam de um precipício; a encosta decorada por pedras gigantescas sustenta flores e folhas que parecem desafiar a lei da gravidade, árvores espalhadas pela relva verde margeiam um rio que deixa a cachoeira e serpenteia mansidão depois de caído do abismo.

Abro a porta; desço. Caminho até à frente do carro e recosto-me no caput fumegante e morno. Passo as mãos pelos cabelos descendo-as pelo rosto, não acreditando que todo o esperado estivesse indo junto com aquele aguaceiro e descendo rio abaixo, estou molhado da cabeça aos pés; tiro os sapatos, olho para dentro do carro, você abre a porta e desce; vejo incrédulo a cena: a blusa de seda colada em seu corpo fazendo transparecer os mamilos a fitarem meus olhos; enlaço teus ombros com meus braços. Olhos nos olhos, bocas se colam como se lutassem numa disputa de sugar um ao outro pra dentro da alma, minha camisa é extraída do corpo; sua blusa esta agora no chão, o morno do caput de seu carro é cama de amantes ávidos de amor, o frenesi dos corpos é alquimia de cheiros: relva, cachoeira, perfumes, corpos, suores, cena acompanhada por canto de pássaros; a chuva caindo em corpos nus é lençol envolvendo amantes que se acabam em desejos; seus gritos soam palavras que arrastam meus urros para o infinito que dura orgasmos sublimes; tuas unhas encravadas em minhas costas é corrente que atrela nossos desejos com minhas mão travadas em suas carnes macias. Sorrisos, pedidos de socorro, tudo é pecado lavado nas águas celestiais que purificam a insanidade de amantes pervertidos pelo amor. Canto de pássaros que orquestram sinfonia na chuva brindando o êxtase delirante de corpos tesos em um final que se faz recomeço incessante.

Calmaria... Respirações ofegantes... Chuva misturada às lágrimas e suores, até a natureza se cala num silêncio mórbido glorificado pelo ato. Olhares; tua boca encontra meus mamilos, minhas mãos acariciam teus seios, sinto teus lábios em meu umbigo, descendo doce, sorvendo com avidez; o mundo gira, você delira, a chuva cai.

Nus enamorados nos confins de um mundo desenhado para dois amantes; corpos que se atracam novamente como se fundissem num só corpo no calor de tanto desejo, derramando orgasmos intermitentes sussurrados e insanos gritados ao mundo. Corpos rolam na lama empoçada na grama; tudo será recomeço, tudo se dará com a máxima intensidade tecendo inconscientes desejos de viver o que se esperou por tanto tempo com olhos fixos na tela de um micro computador.
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Um quarto de hotel daquela cidadezinha do interior paulista ainda contará 3 dias que assistiu o que se seguiu desse encontro.

LUIZ ANTONIO BARBOSA
GIGIO POETA
03/04/2003-22.45 h.


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