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Poesias-->O carrinho da lata de sardinha -- 04/09/2003 - 21:29 (Airam Ribeiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Carrinho diferente



Ganhei um carrinho de presente

Com ele ganhei o poder de pensar,

Pois vivia no ambiente do automatismo

Das coisas comuns de cada lugar,

Coloquei sobre a mesa de trabalho

Nele, meus pensamentos iam viajar.



Ele é um carrinho diferente

Conseguiu mexer na minha memória,

A caneta, o grampeador e a cadeira.;

Não me fez retornar a minha história,

Eles estão ligados ao ambiente material

Ajudando-me a viver em minha rotina ilusória.



Mas este carrinho é diferente

Foi só um olhar, senti a emoção,

Fez cócegas na minha memória

Deu alegria a minha imaginação,

Pois nele volto ao mundo da infância

E faz pulsar mais forte meu coração.



Apenas uma lata de sardinha

A tampa foi dobrada inteligentemente,

E assim se produziu a capota

Formando o corpo do carro de repente,

Mas faltava as rodas para completar

E tudo estava a vista naquele ambiente.



A sandália havaiana quebrada

As rodas, veio o pensamento astuto,

Desbastou com uma faca improvisada

Fazendo o eixo com galho de arbusto.

Ei-lo, pronto! Um carrinho

Talvez feito por um menino culto.



Um menino que usou objetos imprestáveis

Construído e planejado na sua imaginação,

Quando olho o carrinho na minha mesa

Descubro dentro de mim a emoção,

E vejo o menino que mora em mim

Um menino que não existia até então.



Se fosse um carrinho comprado em loja

Estaria no automatismo do ambiente,

Seria um carrinho como outro qualquer

Que algum industrial comprou a patente,

Seria como o lápis, o grampeador e a caneta

Que fizera morador rotineiro na minha mente.



Não precisa perguntar muito para saber

Para saber que é pobre o autor do carrinho,

Pois se fosse rico o pai compraria um importado

Para dar asas ao pedido de seu filhinho,

A riqueza não faz bem ao pensamento

E com dinheiro se compra qualquer brinquedinho.



A pobreza faz o indivíduo se virar

Põe a matutar o pensamento no sonho de inventar,

O carro do pobre tem que ser parido

Pois este não tem dinheiro pra comprar,

Carro feito das coisas usadas do chão

Matéria prima muito fácil de achar.



Penso que este menino andava lá pela favela

Procurando algo sem saber mesmo o que queria,

Quando deparou com a lata de sardinha no lixo

Naquele momento uma idéia iluminaria,

A lata de sardinha virou uma outra coisa

Nos pensamentos uma coisa imaginaria.



O menino virou poeta e entrou em outro mundo

Fazendo uma coisa que não é, ser realidade,

Isto é aquilo no mundo das metáforas

Esta lata de sardinha é meu carro... gritou pra cidade,

Correndo de alegria viu a invenção realizada

Um sonho vivo para um menino de pouca idade.



A lata de sardinha ganhou outro nome

O menino sem saber executou uma transformação,

Ele dobrou a tampa se assentou ao volante

Tornou mágico seu ato de criação,

Cortou as rodas da sandália havaiana

E o eixo foi o arbusto que estava no chão.



O menino sabia ser forte, sabia pensar,

Pensava muito bem e bem concentrado,

Quando o sonho é forte o pensamento vem

O amor é o pai da inteligência, diz o ditado

E sem amor todo conhecimento fica adormecido

Sem amor nada cria e tudo fica estagnado.



E o menino sonhava como Deus

Que do nada criou tudo que aí está,

Este menino tomou o nada em suas mãos

Do nada fez o seu carrinho, bastou sonhar.



Adaptado



Airam Ribeiro 10/12/99

Para os alunos da Faculdade Uneb - Ba







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