Geadas de Inverno
Cristina Pires - 28/08/2003
Por entre as frestas, cinzeladas na janela
Do meu singelo olhar, perdido num vão,
Assisto a duelos, entre o Sol e o Deus Trovão,
Nos frios lençóis dum leito ornado de procela.
Glaciais rajadas, vêm num ímpeto selvagem,
Fustigar, calmamente, o fraco Sol restante
Nos poiais azuis celestes, do árido semblante,
Que me ofertaste, gentilhomem, com friagem.
Se o Vento, cruel, não permite um fim feliz,
Nem deixa entrar as réstias finais dum dia claro,
Que seque já a Primavera..., e a cicatriz
Que tu deixaste, em geadas, e extinguiste, assim,
As altaneiras chamas, fósseis dum amparo
Num Inverno conjugal.; num leito de marfim!
|