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Contos-->A Chuva -- 08/04/2003 - 23:11 (Warny Augusto da Silva Marçano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A CHUVA

Pedro estava sentado no ônibus pensando em como ficaria sua peça. Investira um bom dinheiro nesse sonho que de repente tornou-se um meio de se ganhar dinheiro para sobreviver. Escrevera a peça como um hobby mas conseguiu um patrocinador e decidiu levar a apresentação para o circuito de teatro. A estréia seria à noite. Já passara das duas da tarde.
Ao seu lado no ônibus estava uma senhora de meia idade. Ele gostava de observar as pessoas e tentar adivinhar os vários tipos de personalidade. Estava absorto em pensamentos quando de repente o celular toca. Era Lúcia ,sua mãe.
_ Alô...fala , mãe.
_ Você já está chegando?
_ Já sim ,estou dentro do ônibus.
_ Aqui está chovendo muito.
_ Chovendo?
_ Sim , porquê?
_ É que por aqui o céu está limpo por enquanto.
Enquanto falava , a mulher ao seu lado observava disfarçadamente. Quando desligou , ela perguntou onde estava chovendo.
_ No Leblon. Engraçado que aqui em Copacabana não está chovendo.
Tentou ser o mais cordial possível ,mas já estava entediado com a intrometida mulher. Ela enfim desceu no próximo ponto e ele continuou até o ponto final no Leblon.
Chegou em casa e foi logo perguntando à mãe sobre a chuva que ela dissera ter caído.
_ Não caiu chuva alguma _ disse ela.
_ Outra de suas mentiras _ exclamou Pedro _ eu devia interná-la.
_ Você me ama , nunca faria isso _ comentou.

Marta desceu do ônibus em Copacabana e dirigiu-se apressada à sua casa. Encontrou a filha se arrumando para sair.
_ Você não pode sair , Cláudia.
_ Por que , mãe?
_ Está chovendo no Leblon , não quero que você tenha outro daqueles ataques.
_ É melhor eu não ir mesmo _ resignou-se , afinal estava com uma forte gripe.
_ O que você faria no Leblon? _ pergunta Marta , certa de que a filha desistira de ir.
_ Eu ia me encontrar com o Paulo.
_ Não tem o telefone dele pra avisar que não vai?
_ Ele saberá pela chuva , que eu não vou.
_ Então está tudo certo _ comenta Marta , satisfeita.

Paulo esperava impacientemente sua vítima. Marcara com Cláudia às três horas e já passavam das três e meia da tarde. Não podia adivinhar porque o tal médico queria ver morta aquela bonita garota ,mas o importante é que ele tinha recebido dez mil reais para matá-la. Tudo já estava planejado. Ele conseguiu facilmente fazer amizade com Cláudia e aquele já era o terceiro encontro deles. O lugar bastante reservado fora escolhido por Paulo , já que naquele depósito abandonado ele poderia se livrar do corpo no velho incinerador.
Estava ficando cansado de esperar e resolveu comprar um jornal. Poderia ligar para ela se ao menos tivesse o telefone dela. Talvez o médico tivesse o número , mas como ele explicaria para Cláudia a forma como o conseguira? Mas na verdade nem teria que se explicar , a essa altura ela já estaria morta. Não tinha paciência para ler jornal , decidiu ir embora. O que não entendia era porque ela não ligara para ele avisando que não iria ao encontro.
Ele tinha que avisar ao médico ,mas o celular só caía na caixa postal. Resolveu então ir ao consultório particular dele. Afinal era bem perto de onde ele se encontrava ,poderia té mesmo ir a pé.
Chegando lá , falou com a única secretária que trabalhava com o médico.
_ O Dr.Lopes está?
_ Você tem hora marcada?
_ Não ,é assunto particular. Diga que o Eduardo Hunter está aqui.
Nesse momento entra o Dr.Lopes e quando vê Eduardo fica assustado.
_ Vamos ,entre aqui na minha sala ,Eduardo. Ah , Bruna , pode tirar o resto do dia de folga.
Bruna mal esperou o patrão falar e já começou a arrumar a mesa e sair ,afinal era raro o médico dar folga a ela ,principalmente em um dia de semana.
_ Eduardo Hunter? _ ironizou o médico.
_ Não poderia falar meu nome verdadeiro e o senhor sabe muito bem disso.

Bruna estava eufórica. Com o resto do dia de folga , poderia resolver um assunto urgente. Encaminhou-se para o armazém do Marcelo ,seu irmão. Ele estava desesperado para pagar uma dívida e ela iria emprestar o dinheiro ,já que pela manhã o Dr.Lopes lhe adiantara parte do salário e lhe emprestou mais cinco mil reais. Lógico que ela não pagaria , aliás ela já tinha pago qualquer dívida com o médico na noite anterior e pagaria novamente indo para a cama com Dr.Lopes. Chegou quatro e meia em São Conrado e encontrou seu irmão atendendo uma mulher na loja.
_ Oi ,Marcelo. Tudo resolvido ,já consegui o dinheiro.
_ Ainda bem , Bruna _ disse ele , após a saída da cliente _ daqui a meia hora eles vão vir pra cá pra receber o dinheiro. Se eu não tivesse até lá ,eles poderiam me matar.
_ Aqui está ,cinco mil reais.
_ Pode ficar tranqüila que lhe pagarei até o fim do mês.
Bruna saiu logo após a entrada de um estranho homem que se dirigiu rapidamente ao lugar onde estava Marcelo.
_ Lembra de mim ,não é? _ perguntou o homem.
_ Sim , você é o Lucas , um dos capangas do Tavares. Ele só mandou você dessa vez porquê?
_ Isso não te interessa. Está com o dinheiro? _ perguntou ,mostrando uma arma.
_ Aqui está ,pode conferir.
_ Tudo bem ,se não tiver todo o dinheiro aqui , Tavares saberá se vingar.
_ Eu sei disso _ falou Marcelo.

Lucas saiu do armazém com um dilema. Sua irmã precisava urgentemente de dois mil reais e ele queria ajudá-la. Além disso , poderia quitar todas suas dívidas com esse dinheiro. Mas talvez não escapasse do ódio de Tavares.
Decidiu ficar com o dinheiro após pensar muito. Dirigiu-se à sua casa encontrando Cristina ao telefone. Esperou ela desligar e deu o dinheiro que ela precisava. Ele adorava a irmã e fazia de tudo para agradá-la. Ela que o criou depois da morte dos pais.
Quando ela saiu , Lucas ligou para Tavares mas ninguém atendia. Ligou a televisão e se surpreendeu com o que viu. A polícia prendera Tavares e seu bando numa tentativa de assalto ao consultório de um médico chamado Lopes. No momento do assalto ,um dos pacientes , chamado Paulo , estava lá e reagiu , originando um tiroteio que atraiu a atenção da polícia.
Agora ele não precisava mais se preocupar. Estava livre e ninguém iria se importar com o dinheiro que ele se apoderara.

Cristina estava desesperada para falar com o namorado. Afinal conseguiu o dinheiro que ele tanto precisava , justamente no último dia. Talvez ainda dava para ele pagar a dívida. Já passara das seis horas , mas o evento aconteceria apenas às oito horas caso ele conseguisse pagar.
Não estava conseguindo falar com ele pelo telefone portanto resolveu ir à casa dele. Chegou em Copacabana às sete horas e quem abriu a porta foi a mãe do namorado , que Cristina não gostava muito.
_ O que você está fazendo aqui? _ indagou Lúcia.
_ O Pedro está aí? _ perguntou , entrando rapidamente.
Nesse momento , Pedro entra na sala e sua expressão torna-se esperançosa quando vê a namorada.
_ Oi, Pedro. Consegui o dinheiro pra você pagar o aluguel da casa de espetáculos.
_ Ainda bem , estava perdendo as esperanças , Cristina _ disse ,eufórico , já ligando para o dono do teatro.
_ Você nem imagina como foi que consegui tão rápido _ falou ela _ quando você me ligou , às três horas , eu nem sabia como eu ia conseguir esse dinheiro.
_ Pois é , e eu só recebi essa notícia de que estava devendo esse aluguel quando cheguei em casa hoje. Isso é que dá deixar para outras pessoas pagarem suas dívidas. Se eu não conseguisse esse dinheiro ,minha peça não poderia ser apresentada hoje.
_ Então eu liguei logo depois pro meu irmão perguntando se ele não tinha o dinheiro , ele às vezes ganha um bom dinheiro no que le faz de uma hora pra outra. Ele não deu certeza ,mas quando chegou em casa , trouxe os dois mil reais.
_ Agradeça ao seu irmão por mim. Vamos direto para o teatro agora. Antes que os convidados comecem a chegar e eles avisem que não vai ter espetáculo. Vamos , mãe , não podemos perder tempo _ chamou Pedro.
_ Calma ,filho. Estou pegando o guarda-chuva porque está chovendo muito.
_ Não ligue pra minha mãe , Cristina _ retrucou Pedro _ ela sempre está contando mentiras como essa.
Os três saíram para a rua e perceberam que realmente estava caíndo uma forte chuva. Pedro sorriu enquanto ajudava a mãe e a namorada a entrar no táxi.
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