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Humor-->Carnaval e Dor -- 08/04/2000 - 01:02 (Fernando Antônio Gonçalves) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sério ao extremo durante os demais dias do ano, Chiquinho Boa Pinta gostava de se esbaldar nos dias de Momo. Desde criança, fantasiava-se com esmero, sempre apoiado por uma tia que possuía uns trocados mais disponíveis e que ele considerava como verdadeira mãe, posto que por ela fora alfabetizado aos cinco anos de idade, numa escola pública de boa qualidade.
No ano passado, resolveu sair fantasiado de Gerente Geral. Engomou a capricho um terno semi-velho, engraxou um sapato bico fino comprado no início do Plano Cruzado, engravatou-se por cima de uma camisa de colarinho meio puído, tomou-se de “ares de autoridade” e resolveu mostrar-se passeando pela Guararapes, como se estivesse em caminhada de campanha para algum cargo eletivo.
De cabelo bem abrilhantado, a vasta cabeleira negra chamando a atenção de nativos e turistas que por aqui se aboletaram atraídos pela fama do Galo da Madrugada, adentrou pela Avenida Guararapes com ares de um irreversível já-ganhei, sendo aplaudido pelos que já tinham incorporado o espírito de Momo. Chiquito só não contava com a tara abusada de uma mulher trintona, calejada nas artes horizontais a dois, que dele se aproximou com uma vontade de beijá-lo a qualquer preço. E que foi logo explicitando sua intenção:
- Gato arretado de bonito, vou lhe dar um beijo na boca pra homem nenhum botar defeito!
Chiquito, refazendo-se logo do susto, rebateu a ousadia com notável convicção:
- Minha senhora, se comporte. Sou um Gerente Geral respeitado que gosta das coisas nos seus devidos lugares. Pauto minha vida sob uma transparência total, esta caminhada sendo apenas uma maneira de esquecer por uns instantes a vida real.
Antes de qualquer réplica, o bote certeiro. A mulher, de um supetão, com a mão direita agarrou o pacote reprodutor do Chiquito, sob os olhares surpresos do derredor. E declarou-se, lasciva mais uma vez:
- Gato arretado de bonito, me deixe dar um beijo nessa boca de cabra bom de cama, pra você nunca mais se esquecer desta quenga tarada por macho pernambucano.
A resposta de Chiquito não poderia ter sido outra, radicalmente negatória, embora entrecortada de expressões que denotavam sufocante incômodo, dado o aperto crescente que estava levando nas suas áreas escrotais:
- Minha senhora, por favor me largue.. ui!... sou um homem decente, de vida pública transparente ... ai meus ovos! ... que apenas deseja brincar o carnaval em paz ... larga meu .. ai que dor! ... por favor me deixe em paz ... ui meus bagos! ... me larga, mulher!! ... ai meus ovos! ... tá doendo, porra!!!
A intervenção do Betoca, amigo de infância e companheiro de empresa, foi providencial. Com um gesto que denotava conhecimentos profundos de judô, livrou os teréns do amigo de um estrangulamento fatal, desses que deixam qualquer cidadão desinteressado pelo resto da vida.
Desinstalada a confusão, Chiquito continuou seu “passeio cívico”, sem perder a compostura de Gerente Geral. Abraçado com Betoca e seguido da Geraldinha, da Célia e da Carmem, do Nando, do Zepaulinho e da Letícia, do Jorginho da TV e de mais um monte de conhecidos, foi reverenciar o Galo da Madrugada que despontava pela rua da Concórdia, congregando todos, como se o ano não fosse mais de disputa majoritária.
O “causo” do Chiquito percorre os quatro cantos do país, todos lamentando sua desdita, que o deixou sem fôlego por alguns instantes e que mereceu uns bons quilos de gelo, passado o sábado de Zé Pereira, no Recife mais conhecido como Sábado do Galo.
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