ESTRANHO BEIJO
Ele me beija como um
Príncipe do Oriente
Beijo invisível
Me afagando a língua,
Carícia de língua
Calada, voando pelo céu
Da boca
Louca... tem beijo
Enviesado, plano, decolado
Estático beijo gingado
Malícia da delícia,
Provado e aprovado
O beijo do fantasma cheiroso
De doce no ponto,
Manso, manhoso, em calda
Melado... meloso.
Me abraça
E dedilha os poros
De todo o corpo
Metros pontilhados
De pólos frágeis
Imunes.
A poesia me inunda
Logo logo, jogo a folha
Fora
Não quero a filha bastarda,
Poesia,
Do meu tesão provisório
Improvisado.
Sala de espera
Escritório de um
Cínico beijo tarado..
Rima vadia,
Nem tem nexo
É muda, sisuda
Não confessa nem dispersa.;
Não demonstra ousadia...
É sonsa
Rima forçada
Sorriso aguado,
Diluído guache amarelado
Mente vazia...mentira
Criatura beijada
Leve-mente, leve minha mente
Chega a flutuar: Tão leve... tão mente.
Leve minha mente! Leve-a !
Carregue para além de eternamente.
Recebo seu beijo, atípico
Molhado que me molha
A ponta dos dedos
Retinta escrita
Correnteza de confessionário portátil
Meu pedaço de papel versátil.
Volátil sensação
Que me trai
Atrai ao segredo
Do bonde descarrilado
Deste teu estranho beijo.
Hoje,
recebi e senti
um beijo inventado.
Anita .
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