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Contos-->MORTE NO CIRCO (cap. 2) -- 31/08/2000 - 10:43 (José Renato Cação Cambraia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Resumo do capítulo1: Astor, o trapezista galã do Gran Circo Lunar, foi encontrado morto em seu trayller pela manhã. Entre os muitos suspeitos (dos leitores) estão Elvira, a mulher gorila, apaixonada pela vítima; Piroca, o palhaço; Piteira, o dono do circo; Sheila, a engolidora de espadas; Velázquez, o mágico; Zarobe, o outro palhaço e a Mamãe Guta, cozinheira/conselheira e mulher de Zarobe. Veja hoje a continuação do mistério: quem matou Odete Roit.., ops, Astor?

A investigação conduzida pelo delegado Hldo Nunes foi frustrante. Hildo, além de não conseguir encontrar a arma do crime (uma faca grande, talvez uma peixeira, que foi enterrada nove vezes nas costas de Astor), percebeu que os suspeitos eram praticamente todos os artistas do circo, depois de uma conversa com cada um deles. E mais, alguns próprios moradores da cidade poderiam estar envolvidos, pois naquela noite, quem esteve pulando na pequena cama elástica do trapezista foi a pequena porém fogueteira Soninha, filha de Baltazar Miró, o açougueiro. Apesar de muito suspeito, Baltazar tinha um álibi inquestionável: passou a noite inteira jogando pôquer com o próprio delegado Hildo Nunes, de quem arrancou R$158,00. Numa conversa com o investigador Duílio Garça, vulgo Magnum, no final do dia, disse “esses ciganos são todos uns loucos, estão sempre se matando, eles que se danem!”.
Elvira, inconformada com a má vontade e a ineficácia da polícia da pequena cidade, resolveu então investigar sozinha, até descobrir quem destruíra de vez as suas esperanças de um dia ser uma mulher feliz, ao lado do homem que amava loucamente. Além disso, ela sabia que cedo ou tarde as mais ferozes suspeitas recairiam sobre ela, era só uma questão de tempo. Foi por isso que omitiu do delegado várias informações, dizendo que não tinha visto nada. Então, criou coragem e resolveu enfim entrar na cena do crime, onde até então não tinha pisado. Era o dia seguinte do crime, um domingo, e Elvira ainda guardava na memória o rosto contorcido de Astor sendo levado na maca pelos policiais, na manhã de sábado. Empurrou a pequena porta do trayller, subiu os três degraus e parou. Olhou em volta, tudo normal, a pequena cozinha bagunçada à direita, e a suíte à esquerda. Entrou no quarto e lá estava ela, enfim imóvel, a pequena cama elástica. Elvira sentiu um desejo incontrolável de se deitar sobre o sangue já seco, mas se conteve. Apenas tocou com as pontas dos dedos a superfície, enquanto olhava para os cantos do dormitório, procurando algo. No criado mudo, apenas duas bitucas de Free com marcas de batom denunciavam a presença feminina que Elvira observou entrar e sair do trayller, logo depois da apresentação dos trapezistas. E começou a se lembrar.
Sexta-feira, na noite fatídica, como sempre, Elvira observava calada as movimentações estratégicas de Astor nos bastidores, enquanto ambos preparavam suas apresentações. Meia hora antes de entrar no picadeiro, Astor conversava com uma pequena garota loira, que fumava um cigarro de filtro branco. Elvira pensou com raiva “falta pouco para ser anã”, mas sabia o que ia acontecer. A transformação da mulher em gorila vinha sempre logo depois da exibição do grande grupo Spiro de trapezistas, então, como sempre, Elvira não desgrudou os olhos de Astor. Nem quando, já entrando em sua jaula, observou de rabo de olho a pequena loira enxugando o suor da testa de Astor, enquanto passava as mãozinhas no seu colant azul e prata. Foi a última vez que Elvira o viu com vida. Ele não voltou para a apresentação final, mas ninguém estranhou, pois assim freqüentemente o fazia quando as peripécias na pequena cama elástica o ocupavam por mais tempo do que o usual. Elvira concluiu então que Astor foi assassinado em algum momento depois de sua apresentação e antes da madrugada, mas provavelmente depois que a loirinha saiu do trayller, pois senão ela também estaria morta. Se é que não estava. Precisava encontrar logo a garota.
Não foi muito difícil. Elvira caminhou até a avenida principal de Alumeira, chegou até a praça central, onde o pessoal da cidade se encontrava à tarde para caminhar, jogar baralho, andar de bicicleta, jogar conversa fora. Bastou ela escolher com sabedoria um grupo de adolescentes, inventar uma estória qualquer e perguntar se alguém conhecia uma loirinha baixinha, assim, assim. E, claro, toda a molecada conhecia, “a Soninha do açougue!”, em coro. “Qual açougue?”, “aquele ali”, apontando para o outro lado da rua.
Soninha olhou para Elvira mas não a reconheceu. Ela obviamente já sabia do que tinha acontecido, pois a notícia se espalhou tão rápido como fogo no mato seco, mas tinha certeza que ninguém a tinha visto entrar no trayller com Astor. Por isso, quando Elvira a ameaçou “olha aqui, menina, se você não contar o que você sabe, eu falo pra todo mundo que vi você entrando lá”, a Soninha, com mais medo do pai do que da polícia, contou “a gente tava deitado e ele disse que era pra eu esperar que ele ia para a apresentação final e já voltava, mas eu disse que tinha que ir embora porque meu pai já devia estar chegando e saí, só isso”, “mas o que ele ficou fazendo enquanto você saía?” “sei lá, acho que ficou deitado, disse que ia dormir um pouco, não sei...” “deitado de bruços?” “humm... acho que sim, olha, nem reparei direito, mas que diferença faz? O coitado tá morto, e não foi eu, eu juro”. Elvira não respondeu, levantou-se e voltou para o circo.
Na sua barraca vermelha, Elvira estava sentada e pensando “mataram ele logo depois que ela saiu, deixando a porta aberta, ele tava dormindo, deve ter sido fácil. Se bem que enfiar uma peixeira nas costas não deve ser fácil...nos filmes eles se enfiam espadas como se fosse na manteiga... espadas...”. Lembrou-se de Sheila, a engolidora de espadas. A arma do crime precisava ser encontrada. As buscas do delegado foram muito superficiais, uma pessoa de fora que não conhece nada do cotidiano do circo. Elvira foi até os bastidores, atrás do picadeiro, e começou a olhar entre as coisas de Sheila e viu logo a coleção de espadas. Todas ali, o delegado também já havia pensado nelas. Examinou-as de perto, mas não encontrou nada. Nem uma gota de sangue. Olhou para o lado e viu as coisas de seu marido, o mágico Velázquez. A capa preta num cabide, e ao lado o baú furado, onde Sheila se escondia e era perfurada. Elvira abriu o baú com cuidado e contou cinco espadas. Fechou e contou os furos do baú, um, dois, três, quatro, cinco...seis furos!
De susto, com a conclusão inesperada, Elvira soltou a tampa do baú, que caiu fazendo barulho. Ouviu a voz de Velazquez “Sheila, mi querida, es usted?” vindo do outro lado da cortina, mas não respondeu e saiu pelo outro lado. Velázquez entrou nos bastidores, viu a lona do fundo balançando, olhou para suas coisas, caminhou para o fundo, abriu a lona olhando para os lados. Ninguém. Velazquez cofiou seu bigode e voltou para dentro.

(Eu sei que prometi que seriam apenas dois capítulos, mas não consegui, ia ficar muito apertado! O snickers já era, comi logo depois de mandar o capítulo 1, mas a promoção continua: quem matou o Astor? Pra quem acertar, eu pago uma casquinha de italiano lá na Cristal. Semana que vem termina mesmo, prometo!)

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