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Contos-->O BAILE DA BOLHA -- 14/04/2003 - 17:33 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Havíamos esperado com impaciência aquela festa da bolha em nosso querido Finaflor Sport Clube. Existia, como sempre uma turma, recheada de inveja que dizia, com o intuíto de gorar o sucesso do evento, que a associação não tinha alvará de vistoria.

Mas já participáramos de outros dois, em anos anteriores, e não houve incidente algum que nos pudesse produzir temor ou dúvida sobre a segurança do pessoal.

Por isso eu e mais dois companheiros, discutindo sobre o alargamento do cano da minha espingarda de ar comprimido, que ocorria nas oficinas duma fazenda oligárquica, chegamos até o portão central da sede, exatamente às 22 horas.

Na verdade, eu sismava ser aquele palpite infeliz, de passar brocas na alma do brinquedo, indução à ruína, como castigo por ter atingido acidentalmente o braço esquerdo dum colega, numa tarde com patuscadas, no rancho de pescaria.

Estava pronto para reforçar os argumentos que dariam certeza àquele meu ponto de vista quando recebí uma cotovelada no fígado. O mais velho dos desmancha-sambas que me acompanhava fez sinal de silêncio. Passaria por nós um sujeito acusado de fraudar o INSS da cidade. Apontavam-no como responsável por 23 benefícios sob suspeita. Os teclados peçonhentos atribuiam, à figura, o prejuízo de quase R$47.000,00 mensais ao instituto. Afirmavam que os ardís do pernicioso eram terríveis. Curvei-me ante a violência do golpe; perdi a respiração; meu rosto intumesceu e o gaiato menor, escarnecendo, chamou-me de "camarão".

Quase lhe dei um tabefe, mas o beiçudo, que tudo sabia, continuou difundindo a ficha do patife. Ele abandonara a mulher e fora viver numa cidade vizinha. Fixou residência num bairro nobre e, com mulata sublime, constituiu casamento putativo. Depois de quatro anos, de bem-bom, o filho mais velho da morena expulsou-o da cena botando-o pra escanteio.

O agrupamento de gente na porta do clube era tal, naquela altura da noite, que ficava difícil ouvir os interlocutores sem muito esforço. O burburinho, porém amainou quando surgiu, imponente, o senhor professor engenheiro responsável pelos conhecimentos técnicos que levariam aquele pessoal todo para uma espécie de ascenção na escala do ramerrão primário e medíocre das percepções cotidianas. A turba abriu caminho e o imponente engenheiro, cônscio de que suas atitudes mudariam completamente o panorama dos acontecimentos, adentrou glamouroso, ao recinto.

Diziam, os maus beiços pequenos, às suas costas, que até adulteração de cheques da prefeitura local o insidioso praticara.

Mas já os primeiros acordes da banda fizeram-se ouvir e a moçada altiva, com os pelos eriçados, forçava entrada num empurra-empurra angustiante. Por volta das três da manhã, as bolhas que encobriam os foliões, davam sinais de que uma tragédia estava por acontecer: pequenos choques elétricos acometeram as pessoas cingidas pelas bolinhas amarelinhas.

Então, o infortúnio anunciado aconteceu. No fim da festa dois cadáveres de adolescentes promissores jaziam ao solo. Foram eletrocutados pelos fios soltos que se moviam pelo salão. Eram o resultado da incúria, irresponsabilidade e omissão danosa.
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