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Contos-->CASTELO DE SONHOS -- 16/04/2003 - 14:35 (Lucia Albuquerque) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




CASTELO DE SONHOS (BY THIAMO)


Um certo dia sonhei que estava endireitando o colarinho de minha camisa e observava as pessoas fazendo seu caminho através da belíssima avenida Paulista, em São Paulo.
Eu procurava pela mulher cujo coração eu conhecia mas o seu corpo não, só por uma foto; a mulher com a rosa.

Meu interesse por ela havia começado há um mês mais ou menos, numa livraria da avenida Paulista. Tirando um livro da prateleira, eu me peguei intrigado, não com as palavras do livro, mas com as notas feitas a lápis nas margens.

A escrita suave refletia uma alma profunda e uma mente cheia de brilho. Na frente do livro, descobri o nome do primeiro proprietário: Vera Albuquerque.

Com tempo e esforço localizei seu endereço. Ela vivia no interior de São Paulo.

Escrevi a ela um e-mail, apresentando-me e convidando-a corresponder-se comigo. Na semana seguinte eu tive que viajar a serviço.

Durante as semanas seguintes, dia a dia desenvolvemos o conhecimento um do outro por intermédio de nossos e-mails. Cada e-mail era uma semente caindo num coração fértil. Um romance de companheirismo. Pedi-lhe uma fotografia, e ela prontamente me enviou.

Quando finalmente chegou o dia em que retornei da viagem, marcáramos nosso primeiro encontro 7:00 da noite, numa Estação do Metrô da avenida Paulista.

"Você me reconhecerá", ela escreveu, "pela rosa vermelha que estarei segurando".

Então, às 7:00 h, eu estava na estação, procurando por uma mulher cujo coração eu amava, mas cujo físico eu nunca havia visto. Agora, já acordado depois do sonho, claro, posso lhe contar melhor o que aconteceu:

Uma jovem mulher aproximou-se de mim. Sua figura era de estatura mediana, nem magra nem gorda. Eu diria: "No ponto". Era o meu número. Seus cabelos castanhos escuros, quase pretos, caíam delicadamente sobre os seus ombros, seus olhos eram castanhos claros. Sua boca era pequena e seus lábios carnudos, e seu queixo tinha uma firmeza delicada. Seu traje verde pálido era como se a primavera tivesse chegado. Eu me dirigi a ela, inteiramente esquecido de perceber que ela não estava usando uma rosa. Como eu me movi em sua direção, um pequeno, provocativo sorriso, curvou seus lábios.

"Indo pro mesmo lugar que eu amigo?", ela murmurou.

Quase incontrolavelmente dei um passo pra junto dela, e então finalmente eu vi a Vera Albuquerque. Ela estava parada quase que exatamente atrás da jovem mulher. Uma mulher já com os seus 40 anos, ela tinha seus cabelos quase grisalhos enrolados num coque sobre um chapéu gasto.

Ela era mais que gorducha, seus pés compactos confiavam em sapatos de saltos baixos. A jovem mulher de verde seguiu seu caminho rapidamente. Eu me senti como se tivesse sido dividido em dois, tão forte era meu desejo de segui-la e tão profunda era o desejo por aquela mulher cujo espírito verdadeiramente me acompanhara e me sustentara através de todos as minhas atribulações, viagens e tudo o mais.

E então ela parou. Sua face pálida e gorducha era delicada e sensível, seus olhos castanhos quase escuros tinham um calor e simpatia cintilantes. Eu não hesitei.

Meus dedos seguraram a pequena e gasta capa de couro azul do livro que a identificou para mim. Isto podia não ser amor, mas poderia ser algo precioso, talvez mais que amor, uma amizade pela qual eu seria para sempre cheio de gratidão.

Eu inclinei meus ombros, cumprimentei-a mostrando o livro para ela, ainda pensando, enquanto falava, na amargura do meu desapontamento.

"Sou o Thiamo, de Guarulhos-SP, e você deve ser a Vera Albuquerque. Estou muito feliz que tenha podido me encontrar. Posso lhe oferecer um jantar?"

O rosto da mulher abriu-se num tolerante sorriso. "Eu não sei o que está acontecendo", ela respondeu, "aquela jovem mulher de vestido verde que acabou de passar me pediu para colocar esta rosa no casaco. E ela disse que se você me convidasse pra jantar, eu deveria lhe dizer que ela está esperando por você no restaurante de esquina. E ela disse que isso era um tipo de TESTE!!"

Não parece difícil, pra mim, compreender e admirar a sabedoria de Vera Albuquerque. A verdadeira natureza do coração de uma pessoa é vista na maneira como ela responde ao que não é atraente.

"Diz-me quem amas, e eu te direi quem és."


****


Quando fui ao seu encontro naquele restaurante da esquina, lá estava você sorrindo pra mim. Me olhava, mas não falava nada, sentia que naqueles sinceros olhos castanhos moravam alguns sonhos, e que eles poderiam ser sonhos compartilhados.

Sentia mas não falava.

Quando eu olhava para sua boca, sentia que seus lábios deveriam esconder alguns sabores de doçura molhada que poderiam umedecer meus lábios, que há muito não provavam tão saboroso desejo.
Sentia mas não falava.
Você abriu a bolsa e me ofereceu um chocolate e um sorriso de presente, aí eu senti que poderia falar alguma coisa, falar dos meus sentimentos, dos seus desejos, sobre os seus lábios, seus olhos castanhos.

Senti, mas não falei.

Você saboreou o chocolate calmamente, com prazer umedeceu os lábios com chocolate doce, como se tocasse os labelos de meus sonhos, e mais uma vez engoli meus desejos e pensamentos.

Senti... e de novo nada falei. Talvez por tato sentir e pouco falar, tenha perdido de ver meu sonho se tornar real, mas no nosso dia-a-dia levamos a vida assim mesmo, muitas vezes a felicidade a oportunidade nos aparece, toca na gente, olha nos nossos olhos e nós... nos contentamos com pedacinhos de chocolate. Por isso, agora eu falo. Não me calo mais.
Te quero muito!! Ainda vou dividir um pedaço do mais doce chocolate com você, se você quiser também, claro.

Dividir boca a boca lambuzar seus lábios em um doce beijo saboreando um chocolate em
comum.

****

Um sonho, um telefonema, um e-mail, um perfume, uma canção lembram você.
Vontade de vê-la.
São tantas as coisas que trazem saudade de você.
Frases escritas marcantes.
A expectativa do encontro...
Lembranças de uma olhada na vitrine: um vestido tão bonito que pensei em comprar para você.
Com nossas almas em sintonia captamos desejos um do outro, encontrando maneiras sutis de nos encontrarmos, face a algumas dificuldades inerentes.
Lembranças da chuva, da garoa... Felicidade tão boa!
Meu pensamento voa, meu coração de amor por você se povoa.
Nosso amor está no ar?
Um amor que será forte e viverá em eterna poesia?
Ou será que sairá do papel, dos e-mails, dos perfumes, das canções, das chuvas e dos sonhos?
Mas não importa o tempo, o lugar, o momento, a distância, o frio, o calor, ou a chuva.
O que importa é a realidade do momento vivido intensamente e que pode fazer uma vida inteira ter sentido, e ter valido a pena viver à espera de você, claro.

Escrito por "Thiamo"

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