A LUA SEGUE MEUS PASSOS
Clarão brilhante, de foco prateado e frio,
é visto em quatro fases, encantando o céu anil.
Dama das noites do solitário,
do banco palco da praça, o espetáculo!
Das juras dos namorados, testemunha do pecado.
Em meio a mata, abre caminhos de prata
para o vagalume brilhante passar,
e, sem pedir licença, pelas frechas dos telhados,
acode as casas, num convite à noite aproveitar.
Lua cheia do meu amor,
quarto crescente das minhas astúcias intenções,
quarto minguante das minha ilusões
lua nova que me renova o coração...
Nos meus passos caminhados, já cansados,
espalhas pela trilha um glamour, fina luz do teu dulçor,
esmero gesto de carinho, que acaricia a alma sozinha do amor.
Olho para ti e converso, um diálogo sem palavras,
transcrito pela pena, pena resignação de um peito que vagueia,
inflamado pela dor da falta de uma comunhão.
Os passos que percorro em tua companhia,
é carta de alforria de um grito atrelado a janela da alma,
que debruçado sobre o parapeito do meu silêncio angustiado,
recebe o anestésico emanado da tua luz,
qual magia encandecente, que dos céus desce sobre mim seu manto.
E nesses passos de mais passos... Sob o teu olhar luz,
tão suave, tão mágico, e dos alienados a linguagem,
é que vivo o irreal do que penso, em troca do real que me atormenta.
Lua das noites versáteis, do canto de roda, das mãos entrelaçadas,
dos suspiros veementes, tens o poder de guiar corações, de reservar esperanças,
de ressuscitar as mais remotas histórias, e dos contos extrair seus encantos,
só não podes em mim, parar o meu pranto.
Jair Martins / 09.05.02 - 21:35h
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