ENGANO
Em cada gesto de adeus
Apaguei o sopro que esquentou
Meu corpo, na chama ardente
Que saciei meu ventre, ainda dormente,
Ao som do blues que me fiz ausente
Andei sem rumo pela city, nua,
Com a plácida face que me fiz tua,
A desfazer meus passos sob a luz da lua,
Que escuda a sombra da vã ternura,
Arrancada da minha alma ainda crua
Refiz o trajeto que me senti segura
Na esquina daquela rua escura,
A arder sob o fogo dessa paixão sem cura,
No cinismo obsceno que se fez obscura
A face oculta que eu julgava pura
Na candura dos sonhos blues
Te desfiz inteiro sob meus olhos nus,
E este sarcasmo foi tudo que me restou
No qual disfarço o pasmo em que ainda estou
MORGANA
Rio de Janeiro, 20/09/03.
RESPEITE OS DIREITOS AUTORAIS
|