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Artigos-->A democracia do vírus -- 19/03/2020 - 10:26 (João Rios Mendes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Neste mês de março, fotografei dois eventos em Brasília que por suas naturezas tiveram alcance nacional e até mundial. No dia 08 de março, registrei as manifestações em favor do Dia Internacional da Mulher. Dia 15 foi a vez de a população sair em favor do Presidente da República, Jair Bolsonaro.

Em ambas as ocasiões, os manifestantes preparam-se com indumentárias próprias para a ocasião. Cânticos ensaiados com palavras de ordem e faixas bem elaboradas com frases que não deixavam dúvidas sobre as correntes de pensamentos.

Na manifestação das mulheres, músicas e palavras de ordem contra o Presidente da República embalaram a caminhada sob o sol quente. As faixas traziam frases como “Pela Vida das Mulheres”, “Somos as netas das bruxas que vocês não queimaram”, “Mulheres em defesa da educação” e refrãos como “A luta feminista nunca vai retroceder”.

Na outra manifestação, os simpatizantes do Presidente também capricharam no figurino, sendo a bandeira nacional a veste mais popular. Ao ver-me com a câmera, um amigo que encontrei naquela multidão aproximou-se:

─ Está vendo aquelas faixas ali? Fui eu que fiz todas elas. Tira uma foto delas! Pedi para ele posar e atendi o pedido.

Nas faixas havia frases como “Políticos+ STF imoral = câncer do Brasil”, “STF e Congresso, já deu!!”.

Uma senhora aproximou-se e fez proposta idêntica:  

─ De qual jornal você é?

─ De nenhum jornal, é para meu arquivo particular.

─ Tire uma foto daquela faixa! Atendi seu pedido que mais parecia uma ordem. Era a maior faixa da passeata.

Outros, exibiam bananas em alusão a um gesto feito dias antes pelo Presidente da República para os jornalistas.

Colocando lado a lado as fotos de ambas as manifestações, tem-se a impressão de que aquelas pessoas estão em países e sociedades diferentes, em terras distantes. Não se vê nenhuma ligação naquelas pautas que pudessem fazer aquelas passeatas caminharem juntas pelos verdes gramados de Brasília. Cada qual vê suas necessidades de um ângulo diferente e talvez por isso não seja possível casar as duas manifestações. São duas verdades certas sob pontos de vista diferentes. No entanto, o que está em perspectiva das intenções é a satisfação das necessidades de cada grupo para que o país possa ser melhor. É isso que está colocado no coração de cada manifestante. No fundo no fundo, cada manifestante quer um país melhor e veio gritar como fazer isso. Só que naquelas multidões não havia uma liderança serena capaz de unir aquelas gentes, fazê-las ouvir e sentir a dor do outro. Esmiuçar cada proposta e colocá-la dentro da problemática brasileira é tarefa para outro espaço.

Por ironia do destino, hoje todos os integrantes daquelas passeatas estão preocupados em não serem vítimas do mosquito da dengue nem do coronavírus. Por isso estamos todos recolhidos em nossas casas. Ainda não se pode afirmar que estamos pensando em proteger o outro, independentemente das convicções políticas dele. Não quero arriscar, mas pelas rivalidades e pelas palavras de ordem das duas manifestações, será que uma passeata estaria disposta a proteger a outra da dengue, do coronavírus e das demais mazelas que atacam a todos democraticamente?

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