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Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->UM ANJO NA MINHA JANELA -- 26/03/2004 - 09:01 (ADELMARIO SAMPAIO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
UM ANJO NA MINHA JANELA

Minha mãe era jovem ainda quando se casou com meu pai.
Ele era um homem já de meia idade, religioso e estudioso da bíblia, que dominava facilmente todos os assuntos, mais ainda os ambiente onde os expunha. Havia feito muitos cursos de teologia, e tinha doutorado feito no exterior sobre o assunto. E uma de suas especialidades (e a que ele sempre era solicitado a falar) era anjos.
Minha mãe conta que antes de dar a luz a mim, acompanhava meu pai por todos os lugares para onde ele era convidado a falar e ela recebia juntamente com ele todos os aplausos, e ficava orgulhosa de ter se casado com um homem tão inteligente e tão fluente nos assuntos a que se propunha falar.
Hoje meu pai não está mais conosco e gosto de ouvir as histórias que minha mãe conta sobre a vida que eles tiveram. É uma verdadeira história de amor, construída no alicerce do amor e respeito, e vejo que os olhos dela ainda brilham quando fala dele.
Diz ela que eles conversavam sempre até tarde das noites e ela era a pessoas que mais fazia perguntas sobre o que ele ensinava, e como não prestava muita atenção ao assunto, voltava sempre às mesmas perguntas, que ele respondia sempre com o mesmo entusiasmo e graça. Não havia nada que ele não tivesse uma explicação abalizada em estudos e textos (teóricos), que citava de cor, ou nas páginas dos livros mostradas a ela como prova.
Mas minha mãe tinha uma dúvida sobre os anjos. As respostas de meu pai não satisfaziam sua curiosidade, e por mais que ele explicasse, as suas posições pareciam vagos argumentos teológicos. Mas ela se calava diante das respostas, e o respeito e a falta de outros argumentos mais convincentes que os dele, faziam com que ela se portasse como sempre se portou diante dele.
Numa noite – ela conta – pediu a Deus que mostrasse se os anjos existiam mesmo, e como eram se de fato existissem. E não sabe dizer se foi nessa noite que sonhou que os anjos andavam à sua volta. Ora ela via uma ou outra pessoa conhecida e no instante seguinte essa mesma pessoa conhecida, era transformada em um desses anjos. Diz ainda que por muitos anos em sua vida teve (e não raro ainda tem) sonhos com esses mesmos anjos.
Dias depois do primeiro desses sonhos, ela diz que estava à tarde no seu quanto, quando viu um homem em pé do outro lado da rua olhando para a casa. Não passou nada por sua cabeça sobre quem poderia ser a pessoa, nem o que poderia estar fazendo ali quieto do outro lado. Mas enquanto ela arrumava umas coisas pelo quarto, teve uma idéia estranha que aquele poderia ser um anjo. Correu para a janela novamente e o homem estava lá no mesmo lugar. Ela ficou olhando para ele, e chamou a sua atenção o interessante aspecto de que não tinha como determinar a sua idade. E impressionada com ele chamou a ajudante que tinha em casa na época e quando ela subiu ao quarto, minha mãe a convidou a olhar pela mesma janela um homem intrigante que via há horas parado no mesmo lugar. Mas o homem não estava lá. Minha mãe achou muito estranho porque tinha olhado um instantinho antes e ele estava parado como antes do mesmo jeito.
Alguns minutos mais tarde ficou mais intrigada quando ouviu quando meu pai parou o carro em frente ao portão e ela olhou pala janela e viu que os dois estavam conversando.

Meu pai achou estranho o homem parado perto de casa quando estacionou o carro. Enquanto abria o portão o estranho se aproximou e disse que queria falar com ele. Então meu pai pediu que esperasse um pouco, guardou o veículo e pensou que precisava instalar um portão com controle remoto. Já do lado de dentro, por uma fresta do portão, atendeu ao homem que falou afirmando:
- É o senhor o professor de teologia!...
Meu pai respondeu que sim com um gesto de cabeça, achando estranho que uma pessoa o procurasse em tal situação para falar dum assunto que conhecia mas que dificilmente era solicitado a não ser em público. Educadamente esperava o momento de se livrar do homem, mas ele continuou:
- O senhor não acredita que ainda existam anjos, e que eles falam com as pessoas ainda hoje?...
- Essa é a minha especialidade – disse meu pai um pouco ríspido. E reparando nos trajes do homem e vendo que ele mais se parecia com um pedinte, disse: - Mas o que é mesmo que o senhor deseja... Desculpe mas estou com um pouco de pressa...
O homem ficou um instante olhando para os olhos do meu pai sem nada dizer, e quando meu pai fez um gesto de que fecharia o portão o homem disse:
- Já que o senhor entende de teologia, vou contar um sonho...
Meu pai fez um gesto de impaciência. O estranho continuou indiferente:
- Uma pessoa me contou que sonhou que a igreja que freqüenta era uma enorme mulher deitada e a porta era a vagina dela, e que todos os que entravam por sua porta eram adúlteros... Estranhamente a mulher estava morta, mas todas as vezes que uma pessoa queria se afastar, ela a puxava para dentro de si e não deixava que ninguém se afastasse...

Minha mãe olhava meu pai de cima, mas não entendia o que ele falava com o homem. Mas percebeu quando ele fechou bruscamente o portão, deixando o homem do lado de fora. Quando ele subiu, minha mãe percebeu que ele estava irritado e perguntou:
- Que aconteceu querido?... Quem era aquele homem que estava falando com você?...
- O demônio, querida!... Parece que é o demônio em pessoa!...
- Que é que você está dizendo querido?... Hoje vi esse homem parado, e pensei que fosse um anjo... Reparei o seu semblante e achei tão bonito... E que roupas diferentes ele tinha...
Minha mãe conta que jamais vira meu pai tão irritado quando falou com ela num tom de voz que ela desconhecia nele:
- Quem conhece de anjo aqui sou eu, querida!... Você deve estar delirando ou não é a mesma pessoa que viu antes
Ela se calou e disfarçadamente olhou pela janela, e o homem estava no mesmo lugar e do mesmo jeito que passou muitas horas do dia. Ela se voltou pro meu pai, e antes que dissesse alguma coisa, ele perguntou ainda irritado:
- Que é que você fica olhando!...
- O homem, querido!... Ele ainda está lá em baixo...
Meu pai olhou pra ela por um instante, e resolveu olhar pela janela. Mas quando ele chegou não viu mais ninguém.
- Você está tendo visões, querida!... Precisa descansar mais um pouco... Tanto trabalho deve estar te fazendo mal...
Uns minutos depois, quando meu pai já tinha saído de perto, ela olhou novamente pela janela e viu o homem pela última vez ainda no mesmo lugar. Ela conta que pareceu que ele sorria...

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Adelmario Sampaio
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