Izabel após escutar o comentário da comadre, foi correndo ligar para a amiga com dó no peito:
- Tereza! Teu namorado casou!!!!
- Como é que é?
- Casou!!! C.A S.OU! De aliança e tudo...
- O que que cê tá falando, mulher?
- A comadre disse que foi ao casamento...
- Mas como é que pode? Ele viajou não tem nem 1 ano e sempre me disse que jamais casaria...que não tinha mais idade...que...Tem certeza, Izabel?...Não pode! É mentira... Ele disse que estava voltando...que estava com saudades...
Tereza desabou num choro convulsivo
- Tereza?! Tereza??? Está aí??? – silencio total do outro lado da linha. De repente Izabel ouviu os soluços de sua amiga.
Izabel ficou preocupada. Trocou de roupa rapidamente e foi à casa dela à duas quadras dali. Encontrou-a em prantos com o fone ainda agarrado às mãos, deitada no chão, num estado lastimável:
- Levanta daí, amiga! Não adianta ficar assim... Você tem que reagir...Ele é safado!!! Não merece você nem suas lágrimas...eu te falei...ele tem 40 anos e você 19. Falei que ele era esperto, que só queria...
- Me deixa, Izabel!...por favor...me deixa aqui sozinha...não quero ver ninguém...desculpe amiga...preciso ficar só...
- Tá bom! Vou estar em casa, se precisar, me chama.
Tereza acenou levemente com a cabeça, mas seu olhar estava perdido e fixado no quadro que ele trouxera de sua última viagem.
Na manhã seguinte, Izabel acordou cedo. Estava preocupada com a amiga. Tomou um banho e dirigiu-se à casa dela. A porta estava entreaberta. Tereza estava arrumada e fechando uma mala.
- Vai viajar?
- Vou Izabel. Ia te avisar. Estava terminando de arrumar minha mala e ia te ligar...
- Prá onde vai?
- Prá casa da minha tia. Aquela casa de praia, sabe?...Pois é...minha tinha viajou. Vou prá lá. Esta época do ano não tem muito turista...A cidade fica calma...preciso de um lugar para descansar e me recuperar...
- Isso mesmo, amiga! Quando volta?
- Ainda restam 15 dias das minhas férias...
- Entendo...Pode ir tranquila que olho sua casa e cuido para que não encha de poeira...
- Por favor, Izabel...Abre as janelas todo dia, certo? Só um pouco pôr dia prá não ficar com cheiro de mofo...
Izabel abraçou a amiga com carinho. Tereza chorou um pouco. Seus olhos estavam inchados e com olheiras...E lá se foi ela e sua bagagem, procurar conforto pra sua dor.
No dia marcado para o retorno da amiga, Izabel caprichou na limpeza da casa. Colheu margaridas e colocou-as no jarro mesa. Perfumou o ambiente. Preparou o almoço.
Tereza chegou ainda na parte da manhã. Estava alegre, queimada de sol. Resplandencente em seu vestido branco contrastando com sua pele morena e bronzeada do sol. Esboçava um generoso decote para seus fartos seios.
“Amiga! Que saudade!...” As duas abraçaram-se. Nunca ficaram tanto tempo separadas. Eram amiga inseparáveis desde à infância. Amizade sólida e eram chamadas de irmãs pelos vizinhos.
- Tenho novidades, Izabel...Estou namorando...
- Como? Já esqueceu o ...
- Já! Meu namorado é lindo, carinhoso, romântico...
- Que bom, Tereza!... fico feliz por você. Quantos anos ele tem?
- Dezesseis.
- Dezesseis? – Izabel ficou olhando pra amiga sem saber direito o que falar – é muito novinho...
- É? Pois é...Por isso mesmo...Tem menos riscos de se casar! – Gargalhou. Estava feliz e isto bastava.
Moral da história: “Nada melhor que um amor novo, para esquecer um amor antigo”.
