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Poesias-->Regina Mundi -- 02/10/2003 - 18:09 (Anderson Christofoletti) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Regina Mundi

Do Reino De Deus







A cidade é São Paulo.

São 5:35 da tarde.

1 negro é espancado por policiais ,

enquanto transeuntes assistem

à cena.

As pancadas

parecem soprar as cinzas

q mantinham coberto

1 ódio latente

naquele homem.



Seu olhar canino me fita

feito

1a voz saída do inferno,

do satânico submundo

criado madrugada adentro,

onde os vissungos , jougos & caxambus

misturavam-se aos sons da chibata .

É o terceiro tempo da violência

não previsto pela besta do apocalipse.





A cidade é São Paulo.

São 5:35 da tarde.

Em minha cabeça

1 brado,

1 eterno grito tribal

enclausurado na garganta d1 negro

se mistura

ao som d1 berimbau

q recita endechas,

q ressuscita a dor

& q a converte em som

& poesia.





Era o crioulo escravo ,

filho da África,

q trocava a vida

pelo sabor único

d1 instante de liberdade,

pois sabia q renunciá-la

seria renunciar a qualidade d homem.

É o negro

filho de uma estúpida segregação racial.

É o negro

trajando

o luto q muitas vezes se encerra

em sua própria pele.;

a luta lauta q dessangra diariamente

lágrimas d dor & ódio em seu peito



A cidade é São Paulo.

São 5:35 da tarde.

1 ser humano

q carrega

a terra-mãe encastoada

entre o coração

& a alma

está caído no chão .

Em seu sangue

vejo refletidos o

apartheid contemporâneo

& 1 endereço

d sobrevivência subumana:

favela @ township.com.br:





A cidade é São Paulo.

São 5:35 da tarde.

Sob

1 outdoor com a face sorridente

do ngoma dos novos tempos

-q atende por feitor do mundo

ou besta do apocalipse cotidiano -

crianças com vestes à moda tribal

passeiam diante d minhas retinas.





1 camburão

tem seu porão aberto ,

enquanto o algoz

d farda & cassetete

liga as sirenes do

navio negreiro.





A cidade é São Paulo.

São 5:35 da tarde.

O medo & a expressão

sem voz

+ 1a vez entram em cena.

Nossa aceitação ,nosso torpor,

nossa covardia intrínseca

são cúmplices do crime explícito do preconceito...



...Mas,

ao menos nesta página,

o q vi não ficará em branco,

nem em preto ou amarelo.

Nesta página

ficará impressa

a voz da indignação

frente

à coerção

cega

daquele q carrega

consigo

o racismo fardado,

o racismo engravatado,

o racismo descabido, implícito, explícito...

Nesta página

ficará

expressa

a palavra

LIBERDADE.







"DUAS ESTRADAS"

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS AO AUTOR

©Anderson Christofoletti

E-mail para contato : poetadasrosas@ig.com.br

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