O L H O S
Ah! Meu por do sol...
Aqueles olhos de furacão
são olhos de fogo,
fora de órbitas... Cegos!
São estrelas apagadas
lobos danados em agonia
uivando para luas minguadas.
Aqueles olhos, não são olhos
eles me fitam, são punhais
encravando no meu peito
e sangue jorrando aos borbotões
sangrando em si lágrimas...
Ah, esses olhos de azougue,
totalmente fixo feito réptil,
seu rastejar de emboscadas
saem das sombras, tão ágeis
que saltam para o bote, Serpente!
Olhos de serpente
lançaste sobre mim o teu veneno
e nem mesmo sei se morri...
Aqueles olhos, olhos vazados
cheios de estilhaços
cravando no meu corpo
memórias perdidas
quando o coração crepita
á procura da vida!
Ah! Minha primavera...
Os olhos, aqueles olhos
perolas azuis em eclipse
a ti incineram as estações
a mim negam as flores
da paisagem e descem ao fundo
apresentando as armas
em um mar de tempestades!
Agora, sobre o meu corpo moribundo
lançai os teus olhos, olhos de flagelos
E tremei! A aurora no poço faz sentinela
para um cão morto na chuva...
Nhca
set/00
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