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Artigos-->Um passeio por Cabo Verde -- 26/07/2020 - 23:22 (Brazílio) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

 

 

LEMBRANÇAS DE CABO VERDE



L. C. Vinholes



Não são poucas as vezes em que aproveito o tempo e o ímpeto para rever anotações que faço sobre pessoas, temas e eventos dos quais participei, material escondido entre os milhares de bites da memória do computador. Desta vez encontrei o que escrevi em 27 de dezembro de 2006, registrando preciosa recordação das tantas vividas em duas visitas a Cabo Verde na primeira década deste século. País insular na costa oriental da África, banhado pelas águas do Atlântico, o mais próximo do Brasil de todos os países africanos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Revendo, corrigindo e ampliando, o texto que resulto e que compõe os parágrafos abaixo, visa compartilhar minha experiência com o leitor que tiver curiosidade por assuntos que esmiúçam fatos que, direta ou indiretamente, tem algo a ver com nossa história. Aqui são os cacos de cerâmica que ouviram ao padre Vieira.





Durante estada de alguns dias em Praia, na Ilha de Santiago, capital de Cabo Verde, tive oportunidade de conhecer a veneranda igreja de Nossa Senhora do Rosário, construída em 1495 na ex-Ribeira Grande, hoje Cidade Velha, situada a pouco mais de 10 quilômetros da atual capital.



A decisão de conhecer aquela igreja homônima de tantas outras Brasil a fora deveu-se ao fato de ter ganhado do amigo Vitor Gobato, embaixador do Brasil naquele país, três cacos de cerâmica portuguesa das que, no passado cobriram a metade inferior das paredes laterais da única nave daquele templo e que no século XVII, “deram ouvidos ao padre Antonio Vieira”, quando ele, em um dos tantos célebres sermões, disse: “os maus hábitos são ruins porque são maus, mas são piores porque são hábitos”.



As informações que recolhi vieram do meu anfitrião e de um simpático ancião de nome Pedro que encontrei nas proximidades da igreja, edificada em terreno com certa elevação. O pequeno platô pode ser alcançado subindo alguns degraus construídos com pedras que serviram de lápides para túmulos que circundavam o templo, pedras desgastadas pelo tempo e por terem servido de apoio aos pés de tantos peregrinos e crentes; algumas ainda exibindo, embora sem a clareza necessária, nomes, datas e símbolos religiosos relativos àqueles que sob elas descansaram. Depois de ouvir atentamente a Pedro e de novamente olhar a cada uma daquelas pedras não foi possível permitir-me pisá-las. Preferi subir pelos barrancos, não tão íngremes, mas suficientemente seguros.

Vamos seguir os passos do L C L Vinholes num passeio a Cabo Verde

 

 


Ao entrar no modesto recinto da igreja, num piscar de olhos minhas lembranças correram ao passado e levaram-me ao tempo em que cursava o primeiro ano do curso científico no Colégio Gonzaga de Pelotas, então administrado pela ordem dos Irmãos Lassalistas. Como se estivesse revivendo, recordei-me das aulas de português dadas pelo professor Alvacir Faria Colares, um dos pelotenses de maior prestígio e expoente entre os mestres mais conceituados e estimados daqueles tempos, não só pela sua erudição, pela formação cristã refletida na sua maneira, nos seus hábitos e nos textos que escreveu e publicou no Diário Popular, pela sua postura moral e ética, mas também pela sua bondade, cortesia e cavalheirismo. Ao dar sua matéria, não se prendia às regras gramaticais como era costume, mas preocupava-se em aferir a capacidade dos alunos de entender, discernir e se expressar na língua materna. Deles exigia a preparação de um trabalho sobre a personalidade e a obra de um grande escritor da língua portuguesa para que apresentassem aos colegas e fossem por eles arguidos e apreciados. Recordo que Armando Miguens, um dos colegas mais brilhantes, preparou magnífico estudo sobre os 5.786 versos do Poema à Virgem Maria escrito em 1563, pelo apostolo do Brasil, padre José de Anchieta, nas areias da Praia de Iperoig – Iperoig, corruptela do tupi-guarani Ypirú-yg, o rio das perobas -, local da construção da atual Ubatuba. Na nave da Igreja de Nossa Senhora do Rosário da Cidade Velha da Ilha de Santiago de Cabo Verde, fantasiei presenciar um aperto de mãos entre os dois jesuítas da Companhia de Jesus, fechei meus olhos e tive a sensação de estar em companhia do meu mestre e dos colegas do final dos anos 1940.

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