Bela e amável senhora,
Apareça no terraço
Deixe que a brisa brejeira
Bata leve seus cabelos
Que lembram trigais maduros
Ondeando sobre as coxilhas.
Descanse o olhar sereno
Na placidez da cidade,
Ouça o vento em contraponto
Ao murmurar das margens,
Em melíflua sinfonia
Num concerto singular.
Senhora, bela e amável
Dia desses, num relance
Lhe percebi com deleite
A silhueta grácil, frágil
Passeando na praça calma
Sobre um andar de gazela,
Pois, saiba, distinta dama,
Que esse sorriso de aurora
Em tênue luz de candio,
Formata linda gravura
Num quadro de lua nova
Nas mornas noites do pago.
E também foi num repente
Que meus olhos madrugadeiros
Perpassaram seu recato
Por uma pequena fresta,
Em meios a sete botões
De uma blusa de algodão
Sete vezes bem fechada,
Prá pouserem seresteiros
Levando os dedos da alma
Num afago imaginário
À candura de seu colo
De alba-rosado matiz.
…
|