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Contos-->Eulália - Capítulo II -- 05/05/2003 - 10:41 (Christina Cabral) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Eulália – Capitulo II

(Antes, devo perguntar – qual o nome destes parcelamentos: capítulo, parte, segmento ou o quê? Deixa pra lá. Usarei, mesmo, capitulo, e não me sacrifica...)

Capítulo II

Padre Jesuíno não se conformava com a vida “fácil” da Eulália; ele a conhecia bem e sabia que, dentro daquele corpo provocante, estava um coração ingênuo de criança.

Hoje ele a tiraria, de vez, daquela indecência de vida.

Quando a moça o alcançou, no topo da escada, ele a fitou com carinho e lhe disse:

- Eulália, eu a vi atravessando a praça e fiquei aqui esperando. Eu tenho que fazer uma visita e vou levar você.

Ela o fitou com os olhos esgazeados de dor, gemeu:

- Tô cum dor de dente!

- Então vamos dar um jeito nisso. Vou lhe dar um comprimido.

- Num adianta, não senhor; tá doendo porque tem semente de goiaba arrochando ele.

- Vamos à sacristia ver isso.

Lá se foram os dois, a moça se rebolando e gemendo, com a mão na bochecha e o padre, miudinho, caminhando na frente.

Um palito de dente foi buscar a semente na profundeza da cárie e trouxe-a para fora, na força de alavanca, fazendo-a retinir nos óculos do padre.

Aliviada da dor, Eulália sorriu e garantiu:

- Agora eu posso i cum o senhor!

Enquanto, no velho carro de Jesuíno, viajavam por estrada poeirentas e tortuosas, o padre ia meditando que a irresponsabilidade de uma vida sem horizontes é que fazia de Eulália uma renegada, porque não lhe faltavam força e saúde para enfrentar um bom trabalho.

Calados, cada um cismando, remoendo os próprios pensamentos, chegaram ao sítio de Zé Maria, outro protegido do padre. Logo na entrada notava-se o abandono e a desordem do lugar: no chão coberto de folhas, nas plantas sedentas, nos animais que careciam de cuidados. Dentro da casa a coisa piorava muito. Zé Maria, solteirão, arisco e encabulado, sempre cuidava, sozinho, das suas coisas, da sua vida. Agora, preso no fundo da rede, com febre e tosse, não dava conta de si, mal reconhecia o amigo padre e não tocava no alimento que este lhe trazia diariamente.

Meio desesperado com a situação dramática do homem,
padre Jesuíno tinha voltado para a igreja e vira, em Eulália, a salvação do doente.

Juntos à rede do quase moribundo, Jesuíno falou à moça:

- Eulália, eu vou casar vocês dois. Deus é testemunha que eu os caso bem casados. Você cuida do Zé e das coisas dele. Se ele morrer, foi porque Deus quis; se ele viver você terá uma casa e um bom marido. Faça serviço bem feito para ninguém falar mal. Mantenha a casa limpa, as coisas em ordem, os animais cuidados e trate de alimentar bem o meu amigo. Eu virei todos os dias ver se vocês precisam de alguma coisa e se você está lhe dando os remédios direito.

Enquanto o padre resolvia a vida de Eulália, esta, surpresa e muda, apenas sacudia a cabeça, em sinal de assentimento. O padre era seu amigo e ela confiava nele.

Falando, aconselhando, incentivando, o padre ia preparando o lugar para a cerimônia. Tirou da maleta que havia trazido com ele, um crucifixo e o colocou sobre a mesa. Pegou a Bíblia e mais o livro de Sacramentos e se preparou para a solenidade.

O noivo não tomava conhecimento do que se passava ao seu lado. Ardendo em febre, gemia, completamente inconsciente. Eulália, com os olhos espantados, aguardava o andamento da função e espiava os gestos do padre. Depois de muito rezar, abrir e fechar os livros sagrados, padre Jesuíno conduziu a moça até a rede e colocou a mão de Zé Maria – mão que escaldava – sobre a pequena mão de Eulália e os uniu sob o olhar complacente do Cristo.

Tirando os paramentos, guardando-os com o crucifixo e os livros de volta à maleta, Padre Jesuíno se dispôs a partir; antes, porem, disse à aparvalhada Eulália:

- Eu confio em você. Esse homem precisa de quem cuide dele. Não se esqueça que é seu marido. Se você estava sozinha, agora não está mais, graças à Deus! Sei que você não me vai falhar e nem deixar o infeliz sozinho. Trabalhe direito, vê se consegue que ele tome um caldo, mate frango, desenterre macacheira. Dê-lhe suco de maracujá e não se esqueça dos remédios. Amanhã eu volto e vou ver o seu trabalho.

- E as minha coisa? – perguntou a moça, simplesmente.

- Amanhã mando buscar na casa da Rita e trago para você.


Fim do capítulo II – Amanhã tem mais!!!!!











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