DESMONTE
Do dia se fez a noite sob o véu do assombro
E daí se foram os anos de eterno encontro,
No que antes era faro, agora tornou-se fato
Na memória em que amanheci, revivi
O rosto que quase esqueci no raiar da aurora
Na roda viva em que me envolvi
Me perdi no tempo que me fez senhora,
Na memória dos homens que me dei sem hora,
Esperando que o tempo parasse na face
Daqueles que mandei embora
Nos momentos que joguei fora
Desenhei a rota que não tem volta,
No chão que se dispersa sob a euforia
Da alma que tem pressa em galopar em alegria
A escalada que pode ser uma súbita despedida
Não me dei conta que o tempo desconta
As conquistas que não investiga, mas esconde,
À sombra que instiga o meu sutil desmonte,
Me desfiz sob a tirania dos meus efêmeros amantes,
No horizonte dos meus momentos brilhantes
Não me sobrou nem o brilho dos meus tantos e belos diamantes
MORGANA
Rio de Janeiro, 17/10/03.
RESPEITE OS DIREITOS AUTORAIS
|